São Paulo, Segunda-feira, 15 de Março de 1999
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GOIÁS
Rombo seria de governos do PMDB
CPI vai investigar desvio de R$ 460 mi

LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília

Terá início nesta semana a CPI da Assembléia Legislativa de Goiás que vai investigar o suposto rombo de R$ 460 milhões no BEG (Banco do Estado de Goiás).
O rombo teria surgido nos dois últimos governos do PMDB (Iris Rezende e Maguito Vilela. Hoje ambos são senadores).
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) vai investigar o empréstimo de R$ 3,6 milhões concedido à empresa Astrográfica em 1994. Uma ex-secretária do comitê de campanha do PMDB afirma que o dinheiro foi usado para pagar os fornecedores do partido.
O autor do pedido de CPI, deputado estadual Carlos Alberto Silva (PSDB), afirma que parte do rombo foi gerado por empréstimos sem garantia liberados para correligionários do PMDB.
A CPI foi criada na terça-feira da semana passada. Os partidos receberam prazo de uma semana para indicar seus representantes. Silva afirma que até quinta a CPI estará formada e iniciará os trabalhos.
A comissão também vai investigar compras sem licitação, aquisições e contratações de serviços desnecessários.
Silva diz que, em 1994, o banco liberou empréstimos de R$ 800 mil e R$ 1 milhão para pessoas que não ofereciam garantias de pagamento, como capatazes de fazendas e empregadas domésticas.
Ele diz que esses empréstimos teriam ocorrido em todo o Estado. "Centenas de pessoas devem ao BEG. Algumas conseguiram empréstimo sem garantia por interferência do PMDB." Segundo Silva, há dívidas de até R$ 9 milhões.
Silva afirma que já dispõe de documentos que comprovam que o BEG pagou diferenças salariais de aproximadamente R$ 100 mil a cada um dos seus dirigentes no final do ano passado, pouco antes de o PMDB deixar o governo.
Entre os serviços desnecessários ele cita a contratação de uma empresa de advocacia por R$ 1 milhão para acionar a Encol, quando o banco conta com cerca de 40 advogados em seus quadros.
A CPI vai investigar a compra de R$ 8,4 milhões em tíquetes-alimentação, sem licitação, em um único mês de 1997. A compra de R$ 10 milhões em produtos de informática após a aprovação da federalização do banco pela Assembléia também será apurada.
Os partidos que faziam oposição ao PMDB tentaram aprovar a CPI em 1996 e 1998, mas não conseguiram os votos suficientes. Hoje, o governo Marconi Perillo (PSDB) conta com 25 dos 41 votos da Assembléia. A CPI foi aprovada pelos 34 deputados que estavam presentes na semana passada.
Valmir Martins Lima, que foi presidente do BEG no governo Maguito, disse à Folha que não quer comentar sobre o trabalho da CPI: "Isso prejudica o banco. Já estou fora do governo e não vou alimentar esse assunto."
A reportagem da Folha telefonou para os assessores dos senadores Iris e Maguito ontem à tarde. Os telefones estavam ligados na secretária eletrônica com limite de voz esgotado.


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