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Lula agora diz que não há por que apertar cinto
Há oito dias presidente havia dito o oposto a prefeitos; para petista, a imprensa brasileira é "pessimista"
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TELÊMACO BORBA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que os
prefeitos que sofreram perdas
com os repasses do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) não têm motivo para
"apertar o cinto". Há uma semana, em Minas Gerais, Lula
havia dito o oposto a uma plateia de prefeitos: "Todos nós
vamos ter de apertar o cinto".
Lula fez a nova declaração no
Paraná, ao comentar rumores
de que prefeitos acharam insuficiente o repasse emergencial
de R$ 1 bilhão pelo governo federal para tentar compensar a
queda de arrecadação.
"Você toma um remédio de
cada vez. Não há razão para o
prefeito apertar o cinto, não.
Veja, o ano passado foi um ano
primoroso de FPM. E nós, num
momento de crise, estamos garantindo que nenhum prefeito
vá receber menos do que recebeu no ano passado", disse Lula
em entrevista, após participar
de evento comemorativo dos
110 anos da empresa de papel e
celulose Klabin, em Telêmaco
Borba (237 km de Curitiba).
Ele afirmou que o repasse,
que chegou a cerca de R$ 50 bilhões em 2008, era "uma conquista extraordinária" pelo fato
de ter sido o maior repasse do
governo aos municípios. "Pergunte a qualquer prefeito se
nos últimos dez anos eles receberam a quantidade de recursos dos últimos cinco anos."
Lula disse que, se a queda na
arrecadação persistir, os prefeitos continuarão a ser atendidos. "Iremos fazer a reposição
mês a mês porque não queremos que o governo esteja bem e
os prefeitos estejam mal."
O oposto do que Lula disse
ontem, sobre os prefeitos não
terem motivo para apertar o
cinto, foi dito por ele há oito
dias, em evento em Minas Gerais. Na ocasião, ele declarou, a
uma plateia que incluía prefeitos, que "todos vamos ter de
apertar o cinto, mas nenhum
vai morrer na seca, como muitos municípios já morreram".
Sobre a crise, Lula disse ontem, em discurso, que "50% do
resultado da crise é um pouco
de pânico que tomou conta da
sociedade". "Precisamos fazer a
sociedade acreditar que pode
comprar aquilo que é essencial
sem precisar se endividar."
Ele voltou a criticar a imprensa brasileira, dizendo que
suas abordagens são "pessimistas", em comparação com a visão da mídia estrangeira. "Uma
[imprensa estrangeira] está
vendendo otimismo sobre o
nosso país e a outra [brasileira]
está vendendo pessimismo."
No entanto, disse ele, "possivelmente nenhuma esteja totalmente certa ou totalmente
errada". Lula afirmou que não
lê jornais pela manhã. "Não me
peçam para fazer [ler jornal]
porque senão a azia explode."
Em 10 de fevereiro, em evento com prefeitos, ele já havia
criticado a imprensa e dito que
o povo não era "marionete". No
dia seguinte, negou que estivesse bravo com a mídia, que, segundo ele, escreve "verdades".
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