São Paulo, quarta-feira, 15 de abril de 2009

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Lula agora diz que não há por que apertar cinto

Há oito dias presidente havia dito o oposto a prefeitos; para petista, a imprensa brasileira é "pessimista"

DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TELÊMACO BORBA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que os prefeitos que sofreram perdas com os repasses do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) não têm motivo para "apertar o cinto". Há uma semana, em Minas Gerais, Lula havia dito o oposto a uma plateia de prefeitos: "Todos nós vamos ter de apertar o cinto".
Lula fez a nova declaração no Paraná, ao comentar rumores de que prefeitos acharam insuficiente o repasse emergencial de R$ 1 bilhão pelo governo federal para tentar compensar a queda de arrecadação.
"Você toma um remédio de cada vez. Não há razão para o prefeito apertar o cinto, não. Veja, o ano passado foi um ano primoroso de FPM. E nós, num momento de crise, estamos garantindo que nenhum prefeito vá receber menos do que recebeu no ano passado", disse Lula em entrevista, após participar de evento comemorativo dos 110 anos da empresa de papel e celulose Klabin, em Telêmaco Borba (237 km de Curitiba).
Ele afirmou que o repasse, que chegou a cerca de R$ 50 bilhões em 2008, era "uma conquista extraordinária" pelo fato de ter sido o maior repasse do governo aos municípios. "Pergunte a qualquer prefeito se nos últimos dez anos eles receberam a quantidade de recursos dos últimos cinco anos."
Lula disse que, se a queda na arrecadação persistir, os prefeitos continuarão a ser atendidos. "Iremos fazer a reposição mês a mês porque não queremos que o governo esteja bem e os prefeitos estejam mal."
O oposto do que Lula disse ontem, sobre os prefeitos não terem motivo para apertar o cinto, foi dito por ele há oito dias, em evento em Minas Gerais. Na ocasião, ele declarou, a uma plateia que incluía prefeitos, que "todos vamos ter de apertar o cinto, mas nenhum vai morrer na seca, como muitos municípios já morreram".
Sobre a crise, Lula disse ontem, em discurso, que "50% do resultado da crise é um pouco de pânico que tomou conta da sociedade". "Precisamos fazer a sociedade acreditar que pode comprar aquilo que é essencial sem precisar se endividar."
Ele voltou a criticar a imprensa brasileira, dizendo que suas abordagens são "pessimistas", em comparação com a visão da mídia estrangeira. "Uma [imprensa estrangeira] está vendendo otimismo sobre o nosso país e a outra [brasileira] está vendendo pessimismo."
No entanto, disse ele, "possivelmente nenhuma esteja totalmente certa ou totalmente errada". Lula afirmou que não lê jornais pela manhã. "Não me peçam para fazer [ler jornal] porque senão a azia explode."
Em 10 de fevereiro, em evento com prefeitos, ele já havia criticado a imprensa e dito que o povo não era "marionete". No dia seguinte, negou que estivesse bravo com a mídia, que, segundo ele, escreve "verdades".


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