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BASE ALIADA
Número de deputados dos partidos da base de apoio pode chegar a 325
Com PMDB, Lula tem maioria para a aprovação de reformas
FERNANDO RODRIGUES
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com a entrada quase definitiva
do PMDB no governo, o Palácio
do Planalto já tem base congressual suficiente para aprovar
emendas constitucionais que mudam a Previdência e o sistema tributário na Câmara dos Deputados e no Senado.
Depois de prometer cargos e facilidades futuras dentro do governo, a administração petista conseguiu ontem fazer com que fosse
considerado um fato consumado
a presença do PMDB na base governista.
Somadas as bancadas dos dez
partidos que apóiam oficialmente
o governo de Luiz Inácio Lula da
Silva chega-se agora a um total de
325 deputados -para a aprovação de uma emenda constitucional são necessários 308. Antes do apoio do PMDB, o número era de
apenas 257.
No Senado, a base de apoio a
Lula passa a contar com sete partidos e 53 senadores -sendo que
são necessários 49 votos para
aprovar alterações constitucionais. Sem o PMDB, a bancada governista cairia para um total de 31
cadeiras no Senado.
Haverá dissidências dentro dessas bancadas. Mesmo assim "o
quórum para aprovar emendas
constitucionais já está garantido",
disse ontem o líder do governo na
Câmara, deputado Aldo Rebelo
(PC do B-SP).
Rebelo conta com votos já acertados em partidos de oposição e
com o inchaço de partidos aliados
ao Planalto, sobretudo o PMDB.
Para o líder do PMDB na Câmara, Eunício Oliveira (CE), "no mínimo 50 deputados da bancada
atual do PMDB votam com o governo". Como o partido tinha ontem 68 deputados, isso significa
uma dissidência de 18.
Ocorre que o PMDB espera ganhar pelo menos de 10 a 12 deputados nas próximas semanas, todos vindos do PSDB, PFL e PDT,
nessa ordem. Com isso, espera
dar ao governo cerca de 60 votos
quando chegar o momento de
aprovar as emendas constitucionais, no final de junho ou no começo de julho.
"Espero que nossa bancada chegue perto de cem deputados. Com
a definição de rumo do partido,
obviamente a bancada vai crescer", diz Eunício Oliveira.
Para o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), a bancada de senadores deve crescer de
22 para algo perto de 25 nas próximas semanas. A Folha apurou
que o número pode ir a 28.
Jucá
Ontem, o senador Romero Jucá
(RR) saiu do PSDB e anunciou
sua transferência para o PMDB.
Jucá foi líder tucano no Senado
durante a parte final do governo
Fernando Henrique Cardoso.
A derrama de deputados e senadores no PMDB deve ser contínua
nas próximas semanas. Trata-se
de um movimento semelhante ao
ocorrido em direção a siglas menores aliadas ao Planalto, como o
PTB (que ganhou 22 deputados
desde a eleição do ano passado).
O PL, sigla da qual faz parte o vice-presidente José Alencar, também foi porto de destino para oito
deputados neste ano.
O PT recebe muitos pedidos de
filiação, mas tem aconselhado os
congressistas a procurarem outras siglas aliadas do Planalto.
Não faz parte da tradição petista
crescer por meio de filiações.
Ocorre que antes da adesão do
PMDB não havia uma sigla de peso que pudesse ser o estuário de
deputados e senadores não-ideológicos que hoje continuam abrigados nas duas principais siglas
de oposição, o PSDB e o PFL.
Recompensas
Para tornar irreversível a entrada do PMDB na base do governo,
os peemedebistas receberam ontem oficialmente o cargo de líder
no Congresso. Será ocupado pelo
senador Amir Lando (PMDB-RO) -que se notabilizou recentemente por ter dito que só assinaria a CPI da Corrupção contra o
governo FHC se faltasse apenas
uma assinatura para que a investigação fosse instalada.
A distribuição de cargos é realizada com grande reserva pela Casa Civil, comandada pelo ministro José Dirceu. Não é conhecido
o número de cargos e promessas
efetivamente já distribuídos.
Os casos mais notórios são a indicação para embaixador do Brasil em Portugal do ex-deputado
Paes de Andrade (PMDB-CE),
que é sogro do líder peemedebista
Eunício Oliveira, e do ex-senador
Sérgio Machado (PMDB-CE) para a diretoria da Transpetro.
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