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TODA MÍDIA
Nelson de Sá
Sob controle
No começo da tarde de
sábado, a Record, sempre a
mais atenta à violência, já jogou
no ar um longo especial sobre a
"guerra urbana".
Mais à noite, na escalada do
"Jornal da Record", "a população está com medo, e os especialistas criticam a política de segurança".
Por fim, no "Domingo Espetacular", entrevistou ao vivo um
major da Polícia Militar, que criticou aos brados a política estadual, e um desembargador, que
defendeu.
Uma de várias perguntas do
mesmo tipo, do âncora Paulo
Henrique Amorim:
- Estamos falando de 52
mortes. No Iraque, 32. A culpa é
do governador?
Em oposição, o "JN" de sábado se concentrou na encenação
de "controle" do governador
Cláudio Lembo.
De crítica à política de segurança, nada. Ontem, início da
noite, o apresentador Pedro Bial
entrou no "Domingão do Faustão" e foi além:
- Domingo de violência em
três Estados, São Paulo, Mato
Grosso do Sul e Paraná.
De uma hora para outra, nacionalizaram o que era "o mais
violento ataque à polícia paulista", descrição feita pela Record,
não pela Globo.
Até a oferta das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança foi nacionalizada -seria
a "todos os Estados".
Para contraste, o registro da
Folha Online para os dois outros
Estados era:
- Presos de PR e MS fazem
rebeliões "solidárias" ao PCC.
A coisa avançou no "Fantástico". Alckmin falou, afinal, mas a
locução abriu:
- Pré-candidatos à Presidência comentaram os últimos ataques. Para eles, a ação criminosa
nos Estados do Mato Grosso do
Sul e Paraná confirma que a segurança deve ser tratada como
uma questão nacional e não de
um ou outro Estado.
Falaram Cristóvam Buarque e
depois Roberto Freire, que se diz
candidato:
- Não cabe discutir quem é o
responsável por isso, se a União,
se os Estados.
Por fim, Alckmin, como pré-candidato e não governador até
dois meses atrás:
- Não pode retroceder, tem
que sufocar essas organizações.
E o governo brasileiro tem que
colocar como prioridade o enfrentamento do crime.
Leia mais em Cotidiano
O MAIS SANGRENTO
Os ataques em São Paulo no sinal inglês da BBC e no sinal americano do canal de notícias da CNN
Na transmissão inglesa da BBC, do correspondente em
São Paulo, ao vivo:
- A polícia se deu as mãos para uma nova noite de
violência e ela veio. Mais uma vez, os agressores usaram
granadas e metralhadoras, escolhendo alvos em São
Paulo e no interior. É a maior onda de violência organizada na história de São Paulo.
A CNN americana foi na mesma linha, ao vivo com um
colaborador, de São Paulo.
Nos sites de jornais pelo mundo, não foi diferente.
Eram enunciados como "O mais sangrento ataque na
história na maior cidade do Brasil", na home page do
americano "Wall Street Journal", ou "A polícia de São
Paulo é vítima de ataque violento do crime organizado",
na do francês "Le Monde".
Do americano NYT.com ao argentino LaNacion.com,
por todo lado o assunto ocupou as páginas iniciais. Os
mais atentos adiantaram o assunto já em suas edições
impressas de domingo, como "Washington Post" ou o
espanhol "El País".
Proveito
Nos sites noticiosos, as opiniões custaram a aparecer e se
concentraram nos eventuais
efeitos eleitorais dos ataques.
Gilberto Dimenstein, ontem na
Folha Online:
- Lula está usando a tragédia
como palanque eleitoral... Ao invés de tentar tirar proveito eleitoral, partidos [e outros] devem
se perfilar.
De Jorge Bastos Moreno, no
Globo Online:
- Se começarem a usar eleitoralmente este momento delicado, irei para as ruas defender o
voto nulo.
Ninguém
Na blogosfera lulista, pelo contrário, muita ironia -como na
mensagem postada por Nelson
R. Perez, ontem à tarde no Bué
de Bocas:
- Você pode procurar: ninguém, nenhum blogueiro, político, ninguém se apresentou...
Busquei uma análise. Nenhuma
marola. Todo o empenho dos
críticos e especialistas em descobrir culpados de maneira instantânea não funcionou neste
fim de semana.
@ - nelsondesa@folhasp.com.br
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