São Paulo, quinta, 15 de maio de 1997.



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Para pefelista, deputado fez 'o show inteiro e ganhou só a metade'
Luís Eduardo diz que Ronivon é o novo Paulinho da Viola

WILSON SILVEIRA
da Sucursal de Brasília

Para convencer a Executiva do PFL a expulsar Ronivon Santiago e João Maia, o ex-presidente da Câmara Luís Eduardo Magalhães perguntou aos participantes da reunião: "Alguém aqui tem alguma dúvida da autenticidade da gravação?" Todos se calaram.
Em seguida, perguntou: "Alguém aqui tem dúvida de que, se quebrarmos o sigilo dele, vamos comprovar que ele quitou suas dívidas no banco?". Novamente, todos se calaram.
Decidida a questão, Luís Eduardo fez uma piada: "Ronivon é o novo Paulinho da Viola, fez o show inteiro e ganhou só a metade".
O ex-presidente da Câmara foi o principal defensor da expulsão sumária dos dois deputados.
Ele tinha discutido o assunto na noite anterior com seu pai, o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, e com o presidente de honra do PFL, Jorge Bornhausen, com quem falou por telefone (Bornhausen é embaixador do Brasil em Portugal).
A expulsão também era defendida pelo presidente do partido, José Jorge (PE).
Os líderes na Câmara e no Senado, deputado Inocêncio Oliveira (PE) e senador Hugo Napoleão (PI), tentaram protelar a decisão, argumentando que os colegas, pelo estatuto do partido, tinham direito de defesa.
Luís Eduardo e José Jorge argumentaram que, se Santiago e Maia quisessem direito de defesa, deveriam entrar na Justiça, conforme apurou a Folha.
"A gente vai se sentar na mesa para discutir alguma coisa com esse cara?", indagou Luís Eduardo, referindo-se a Ronivon. Em seguida, respondeu: "Eu não".
Quanto aos demais envolvidos, decidiram esperar as investigações, já que não "confessaram" nada, por enquanto. Ninguém está livre de expulsão.
Alguns integrantes da Executiva levantaram a possibilidade de a própria emenda da reeleição vir a ser questionada em função da expulsão. O raciocínio é o seguinte: se o PFL os expulsa é porque acredita que venderam os votos. Se isso ocorreu, a aprovação da emenda não é legítima.
Prevaleceu o entendimento de que isso não deveria ser resolvido lá. Importava uma ação "rápida e eficiente". Os pefelistas avaliaram inclusive que o Palácio do Planalto deveria tomar uma atitude nessa mesma linha.
Luís Eduardo criticou a política do partido de "crescer a qualquer custo". Segundo ele, "é nisso que dá". O PFL tem se empenhando para mudar a imagem de fisiologismo que muitas vezes é associada ao partido.
Todos os deputados envolvidos são recém-filiados (nenhum se elegeu pelo PFL). Para Luís Eduardo, o partido não precisava passar por isso, já que pouco mais de 90 deputados são suficientes. O partido tem 103.



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