São Paulo, sexta-feira, 15 de junho de 2001

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"Financial Times" vê oposição com temor

DA REDAÇÃO

O temor dos investidores estrangeiros diante de uma vitória eleitoral da oposição no Brasil em 2002 ganhou corpo no editorial "Apagam-se as Luzes no Brasil", publicado na edição de hoje do jornal britânico "Financial Times", o mais influente diário econômico da Europa.
O jornal vê a crise energética e as denúncias de corrupção no governo como uma possibilidade de ganho eleitoral para a esquerda na sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso.
"A crise foi um presente para a oposição de esquerda brasileira, que já se beneficiava dos bons resultados nas eleições municipais no ano passado e dos escândalos de corrupção no governo. Se chegar com um só candidato crível, a oposição pode ter boa chance nas eleições presidenciais do próximo ano. O medo é que, se ganhar, ela venha minar a boa administração macroeconômica, que permanece sendo a maior conquista do governo de Cardoso", diz o editorial.
Anteontem, o "Financial Times" havia publicado entrevista com FHC, que dizia: "Independentemente de quem seja o eleito, o Brasil tem capacidade de manter as conquistas que fizemos. Essas mudanças são irreversíveis".
A crise energética atual, segundo o editorial do "Financial Times", pode ser mais danosa ao governo do que a desvalorização do real, em janeiro de 1999, após a mudança do regime cambial.
"Dessa vez, será mais difícil fazer um milagre. [..." A escassez de energia vai provavelmente cortar pela metade o crescimento do PIB deste ano. E a única resposta do governo até agora foi o plano de racionamento. Mas ele foi forçado a voltar atrás em algumas medidas, dando a impressão de falta de controle", diz o texto.
O editorial sustenta que "a crise era fácil de se prever". "O sistema energético brasileiro opera no limite de sua capacidade já há alguns anos, e houve numerosos avisos sobre os baixos níveis dos reservatórios." Na entrevista ao jornal, FHC havia negado que a crise tenha sido causada por descuido. "A crise atual não se deve à falta de investimentos; ela se deve à falta de chuva."




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