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Deputados não querem vetar aumento de novo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Líderes da base aliada ao governo na Câmara dos Deputados disseram ontem que será difícil fixar
novamente o salário mínimo em
R$ 260 caso o governo seja derrotado no Senado e prevaleçam os
R$ 275 propostos pela oposição.
Se o Senado alterar a medida
provisória que fixa o mínimo, ela
volta para a Câmara, onde foi
aprovada por 266 votos a 167. O
governo garantiu o apoio necessário graças à promessa de que esse valor não seria alterado pelos
senadores.
Os deputados não queriam correr o risco de ficar com o desgaste
pela defesa de um valor considerado baixo e, depois, ver o governo ceder no Senado, como ocorreu na reforma da Previdência.
"Não sei se a Câmara está segura de restituir esse valor de R$ 260.
Se o Senado é bonzinho e não
quer cumprir os compromissos
da política econômica, a Câmara
não vai ficar de vilã. O governo
tem que jogar o seu peso lá no Senado", disse o líder do PPS, deputado Júlio Delgado (MG).
O deputado Sandro Mabel
(GO), líder do PL, reforçou: "A
garantia que demos para que a
bancada votasse os R$ 260 foi a de
que o Senado não alteraria. Nem
conversamos sobre essa hipótese
com a bancada", afirmou. "Na
reunião que tive com o Lula, ele
foi enfático em dizer que ia se empenhar pessoalmente pelos R$
260 porque era isso que o país suporta", acrescentou o líder do PP,
deputado Pedro Henry (MT).
Caso o Senado aprove um valor
superior a R$ 260 e a Câmara
mantenha a decisão, resta ainda
ao presidente Luiz Inácio Lula da
Silva a possibilidade de vetar o
texto aprovado no Congresso.
Nesse caso, o mínimo voltaria a
valer R$ 240, já que não existiriam
mais os R$ 260 da redação original da MP e a Constituição proíbe
o governo de reeditar, na mesma
sessão legislativa, uma MP já rejeitada pelo Congresso.
Há alguns artifícios possíveis,
como o de elaborar outra redação
para a MP ou convocar o Congresso extraordinariamente em
julho, período que poderia ser interpretado como outra sessão legislativa.
(FERNANDA KRAKOVICS E RANIER BRAGON)
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