São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2004

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INTELIGÊNCIA

Funcionários da Abin acusados de passar informações do governo para adversários dizem que colega inventou história

Agentes negam espionagem no Planalto

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Ceílson Ludolf Ribeiro e João Carlos Sanches negaram ontem ao ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Félix, que tenham repassado informações de caráter sigiloso do Palácio do Planalto a adversários políticos do governo, conforme suspeitas publicadas no final de semana.
Segundo a Folha apurou, os dois "arapongas" apontaram o nome de um terceiro agente da Abin que seria desafeto de ambos e que teria dado início à história.
Segundo reportagem publicada pela revista "Veja", um agente da Abin descobriu que os dois colegas, em viagens para São Paulo pagas com a verba secreta da Abin, estariam se encontrando com adversários políticos do ministro José Dirceu (Casa Civil) e da prefeita Marta Suplicy. Os dois agentes estariam seguindo orientação de um jornalista que trabalha no quarto andar do Palácio do Planalto e que receberia remuneração para passar informações contra Dirceu e Marta.
Segundo a versão dos dois agentes, a origem da investigação seria uma desavença com esse terceiro agente, que chegou a vasculhar a vida financeira de "suspeitos", encontrando dívidas recentemente quitadas de um jornalista do quarto andar -um cheque sem fundos e débitos com a Credicard e uma empresa telefônica.
Oficialmente, o Gabinete de Segurança Institucional diz apenas que está apurando o caso para tomar as providências cabíveis.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retorna de São Paulo para Brasília hoje às 15h40 e deverá ser inteirado das últimas informações obtidas pelo GSI.
Os jornalistas do quarto andar trabalharam normalmente ontem. Como nenhum nome foi citado -apenas as idades, 46 e 48 anos-, não quiseram comentar o caso oficialmente. O ministro José Dirceu, que, segundo a revista, foi informado da espionagem em abril, não quis falar sobre o caso ontem. Segundo sua assessoria, ele não pode se pronunciar porque o caso está na alçada do GSI.
A assessoria do ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política), que divide o quarto andar com a Casa Civil e a Secretaria Geral da Presidência, também optou pelo silêncio. Indiretamente, Aldo é atingido pela denúncia, por ter levado para o Planalto alguns dos seis jornalistas do quarto andar.
Em conversas reservadas, Aldo atribui a origem da reportagem a auxiliares de Dirceu, que agiriam na tentativa de desestabilizá-lo na semana em que ele precisa aprovar o salário mínimo no Senado. A assessoria de Aldo não quis comentar o caso. (FERNANDO RODRIGUES E WILSON SILVEIRA)

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