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QUESTÃO INDÍGENA
Grupo invadiu fazenda e reivindica posse de área; outros três funcionários de estatal foram liberados anteontem
Índios libertam dois reféns no Tocantins
JOSÉ EDUARDO RONDON
VICTOR RAMOS
DA AGÊNCIA FOLHA
Dois oficiais de Justiça que foram feitos reféns por índios craôs-canelas no sábado em uma fazenda no município de Lagoa da
Confusão (203 km de Palmas) foram liberados pelos indígenas no
início da noite de ontem, de acordo com o superintendente da Polícia Federal do Tocantins, Ruben
Paulo de Carvalho Patury Filho.
No domingo, três funcionários
da Celtins (Companhia de Energia Elétrica do Estado do Tocantins) que também estavam sendo
obrigados a permanecer na fazenda foram liberados pelo grupo.
Segundo Patury Filho, a liberação dos oficiais de Justiça aconteceu após negociação com a Polícia
Federal acompanhada pelo procurador da República Álvaro Lotufo Monzano. Até o fechamento
desta edição, os índios continuavam na sede da fazenda Planeta.
Os craôs-canelas invadiram a
fazenda, de propriedade do grupo
Gurupi Participações, na madrugada de quinta-feira. Eles alegam
que aquela região é terra indígena
e que foram expulsos de lá por fazendeiros na década de 70.
Conforme relato de funcionários da fazenda à polícia, os indígenas durante a invasão estavam
armados com facões, arcos e flechas. Depois de a Justiça Estadual
emitir um mandado de reintegração de posse da propriedade, os
dois oficiais de Justiça foram até a
fazenda. Chegando ao local, foram feitos reféns pelos índios.
Imagens gravadas no domingo
pela Rede Globo mostram os dois
oficiais de Justiça amarrados e
com os olhos vendados. Na gravação, um dos líderes indígenas
ameaçou matar os oficiais de Justiça e foi impedido por mulheres
craôs-canelas. Outra ameaça feita
pelos índios foi a de incendiar um
carro com um oficial dentro.
A Funai (Fundação Nacional do
Índio) não reconhece a fazenda
Planeta como pertencente aos
craôs-canelas. Segundo a fundação, os estudos sobre a área estão
em fase preliminar e nenhuma
definição sobre o local pode ser
dada no momento.
De acordo com a Funai, os índios canela, originários do Maranhão, e os índios craô, de Tocantins, não reconhecem os craôs-canelas como uma etnia.
Porém, ainda segundo a Funai,
o Brasil é signatário de tratado internacional, feito em Genebra,
que define que a existência de
uma etnia indígena se dá por autodeterminação dos próprios índios, como nesse caso.
Para o presidente da Funai,
Mércio Pereira Gomes, não há nenhum dado que confirme que os
índios estiveram no local anteriormente. Segundo ele, boa parte
dos craôs-canelas são do Estado
do Maranhão. "Não é possível os
índios seqüestrarem gente numa
área que não é nem reconhecida
pela Funai." Para ele, os índios se
precipitaram ao invadir a área.
Colaborou RAQUEL AÑÓN, da Agência
Folha
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