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Funcionários de fazenda se negam a exibir vacas
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MURICI
Apesar de os papéis apresentados pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ao Conselho de Ética
apontarem que seu gado possui
alta taxa de fecundidade, nas
fazendas do senador visitadas
ontem e anteontem pela Folha,
em Flexeiras (AL) e Murici
(AL), a maioria dos animais vistos pela reportagem era formada por machos criados para engorda.
Os vaqueiros (trabalhadores
responsáveis por cuidados com
os animais) ouvidos pela reportagem nas fazendas Largo Novo e Alagoas afirmaram que
elas são usadas apenas para engorda e depois são revendidos
para abatedouros.
Na fazenda Timbó, onde estão construídas a casa-sede e
uma outra casa para alojar hóspedes, foram encontradas fêmeas jovens, mas todas com
menos de 18 meses e que ainda
não reproduziram.
O gerente da fazenda Timbó,
Everaldo Lima Silva, disse que
a fazenda faz cruzamento industrial, com a utilização de inseminação artificial para aumentar a produtividade.
Ele, porém, se recusou a
mostrar onde estavam as vacas
aptas à inseminação. Disse que
isso só seria possível com autorização do senador Renan Calheiros.
O cruzamento industrial é
uma técnica de utilizar um macho de origem européia com fêmeas nelores (gado de origem
indiana), para aumentar a precocidade dos animais.
Entre os animais jovens machos destinados à engorda, foi
possível identificar animais da
raça nelore, angus e cruzados
de nelores com raças européias.
Segundo Silva, no total o senador teria entre 1.100 e 1.200
animais. Esse dado contraria
informações do próprio senador Renan Calheiros , que declarou possuir 1.742 cabeças de
gado em 2006.
As propriedades visitadas
pela Folha possuem pastagens
cultivadas com gramíneas da
família das brachiarias (oriundas da África), usadas para alimentar o gado, e divisões para
engorda do animais, mostrando uma exploração pecuária
aos moldes da que acontece em
muitas fazendas do centro-sul
do país.
Colaborou FÁBIO GUIBU,
da Agência Folha, em Recife
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