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Suspeita de nota fria complica absolvição
Relator Epitácio Cafeteira insiste em arquivar o caso, mas outros senadores querem ouvir as explicações de Renan
"O quadro no Conselho de Ética pode mudar... Isso vai influenciar no resultado", afirma líder do PSB na Casa, senador Renato Casagrande
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante da denúncia de que
notas fiscais apresentadas pelo
presidente do Senado seriam
falsas, integrantes do Conselho
de Ética cobraram ontem explicações de Renan Calheiros
(PMDB-AL) e já não têm mais
convicção sobre o arquivamento do processo contra ele por
quebra de decoro. A votação do
parecer está prevista para hoje.
"O quadro no Conselho de
Ética pode mudar. Eu estou esperando que ele se explique até
lá. Isso vai influenciar no resultado", disse o líder do PSB, senador Renato Casagrande (ES).
"Eu conversei com o presidente Renan e ele me disse que vai
comprovar até amanhã [hoje] a
veracidade dos documentos. O
mais importante agora é que
ele vá pessoalmente ao conselho se explicar", disse o senador
Eduardo Suplicy (PT-SP).
Mesmo sem fazer uma investigação, o relator do processo,
senador Epitácio Cafeteira
(PTB-MA), pediu anteontem o
arquivamento do caso alegando que não existem provas contra Renan. Ele se manteve irredutível mesmo depois das novas denúncias: "Isso não tem
nada a ver com a representação
do PSOL. O meu relatório foi
sobre se o dinheiro era do Gontijo. Isso é outra denúncia, teria
que abrir outro processo".
Renan é acusado de ter despesas pessoais pagas por um lobista: a pedido de Renan, Cláudio Gontijo, da Mendes Júnior,
levava R$ 12 mil todos os meses
para a jornalista Mônica Veloso, com quem o senador tem
uma filha de três anos.
Tanto Renan quanto Gontijo,
que se definem como amigos,
dizem que dinheiro era do presidente do Senado. Eles teriam
optado por essa intermediação
para manter a relação, que era
extraconjugal, em sigilo.
Renan exibiu documentos
que mostram que ele teria renda suficiente para dar essa ajuda financeira à jornalista, mas
não comprovam a origem do dinheiro entregue a Mônica. As
novas denúncias põem em dúvida se Renan tinha dinheiro
para arcar com essas despesas.
"As provas foram colocadas
em xeque", disse o líder do
DEM (ex-PFL), senador José
Agripino (RN). A líder do PT,
senadora Ideli Salvatti (SC), foi
cautelosa: "Temos que aguardar amanhã [hoje] para ver como o Renan responde".
A Folha deixou recados para
o presidente do conselho, senador Sibá Machado (PT-AC), para o corregedor da Casa, senador Romeu Tuma (DEM-SP) e
para o líder do PMDB, senador
Valdir Raupp (RO), mas eles
não ligaram de volta.
O PSDB, o DEM e o senador
Jefferson Péres (PDT-AM)
pretendem apresentar hoje relatórios alternativos pedindo
que sejam tomados depoimentos de testemunhas e que seja
feita perícia nos documentos
apresentados pela defesa.
A oposição deve apresentar
requerimento para que esses
documentos sejam votados antes do relatório original. Se ele
for aprovado, os relatórios alternativos também serão. Com
isso, o parecer de Cafeteira fica
automaticamente prejudicado.
Antes de surgirem as novas
denúncias, a expectativa era
que o requerimento de preferência fosse derrotado por 8
votos a 7. Nesse caso, a intenção do PSDB, DEM e PDT era
se abster na votação do relatório de Cafeteira, alegando que
não há elementos suficientes
para condenar ou absolver.
Ontem de manhã o presidente do Senado parabenizou o relator do caso, que recomendou
sua absolvição. "Foi brilhante.
Você teve presença de espírito,
foi um gesto de coragem", disse
Renan para Cafeteira.
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