São Paulo, Terça-feira, 15 de Junho de 1999
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CNBB é contra nomeação e diz que laudos não deixam dúvidas

da Sucursal de Brasília

O secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Raymundo Damasceno, disse ontem que "uma pessoa que participou de uma sessão de tortura, ou a presenciou e foi conivente, não deve ocupar cargo de responsabilidade num regime democrático".
Ele se referia à nomeação de João Batista Campelo para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal.
Campelo é acusado pelo ex-padre José Antônio Monteiro de estar presente em sessões de tortura, em inquérito presidido por ele.
Para d. Damasceno, segundo na hierarquia da principal entidade da Igreja Católica do país, "não há dúvida com relação à tortura, comprovada por laudos médicos".
O grupo Tortura Nunca Mais enviou ontem via fax ao presidente Fernando Henrique Cardoso e ao ministro da Justiça, Renan Calheiros, carta pedindo que a posse de Campelo seja adiada até que sejam esclarecidas as denúncias.
O grupo chegou a informar que não constavam nos registros da entidade informações de que Campelo teria participado de tortura. Na carta, no entanto, o grupo considera que "o depoimento de José Antônio Monteiro é de suficientes precisão e contundência para obrigar as autoridades responsáveis a investigar o passado do novo indicado para a direção da PF, antes de efetivá-lo".
A prisão de Monteiro, juntamente com o hoje bispo Xavier Gilles, está relatada no livro ""O Catolicismo Brasileiro em Época de Transição", de Thomas Bruneau, editado pela Edições Loyola, em 1974, que não cita o nome de Campelo.


Colaboraram a Agência Folha e a Sucursal do Rio


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