São Paulo, sábado, 15 de julho de 2000


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PAINEL


Divisão interna
O escândalo Eduardo Jorge expôs uma crise no núcleo de poder do Planalto. Articulada por Pedro Parente (Casa Civil), a reunião de ministros realizada anteontem, logo batizada de "gabinete de crise", foi discretamente reprovada por Alberto Cardoso (Segurança Institucional), que não compareceu.

Dupla de artistas
Avalia-se no Planalto que o escândalo Eduardo Jorge foi a prova de fogo da coordenação política do governo. Aloysio Nunes (Secretaria Geral) e Pedro Parente (Casa Civil) estão desgastados. A reunião do "gabinete de crise" e a nota pela qual o Executivo se exime de responsabilidade pela liberação de verba para o TRT-SP simplesmente jogaram a bomba no colo de FHC.

Canja de galinha
Alberto Cardoso (Segurança Institucional) só falou com FHC após a reunião do "gabinete de crise". Ontem à tarde, esteve mais duas vezes com o presidente. A partir de agora, o Planalto deve mudar de atitude. Só vai se pronunciar em última instância. Para reduzir o risco de FHC ser novamente surpreendido com fatos que o contradigam.

Regime da lua
As trapalhadas da dupla Pedro Parente e Aloysio Nunes Ferreira, que inspirou a nota sobre a liberação de verbas para o TRT-SP, devem ter reflexos na reestruturação do governo, que está em curso a partir da mudança do perfil do Ministério da Justiça. Nos estudos, a Casa Civil ganhava poderes e a Segurança Institucional emagrecia.

Má companhia
Avaliação de um auxiliar civil do presidente: no ritmo em que a crise estava sendo tratada pelo Planalto, o próximo passo seria a convocação do Conselho da República. A exemplo do que fez Collor quando os desmentidos de seu governo deixaram de ser levados a sério.

Sob o tapete
A orientação de FHC aos seus aliados no Congresso é uma só: a crise Dudu-Lalau deve ter um desfecho rápido. A convocação de uma CPI, que se estenderia até a campanha eleitoral, tem de ser evitada a qualquer custo.

Termômetro
De um ministro tucano: "O Martus (Planejamento) disfarça, mas está arrasado".


Intriga à distância
De férias na Europa, Jader Barbalho (PMDB) aproveitou o vôo entre Atenas e Londres para redigir um pedido de informações que apresentará ao Senado após o recesso: sobre a sede do STJ, construída pela OAS, empreiteira ligada a ACM. Segundo as gravações de Lalau, "o metro quadrado mais caro do Brasil".

Riobaldo feliz
Rindo à toa com a crise deflagrada em Brasília, Itamar Franco é mineiramente irônico e prudente ao comentar o caso em público: "Lembro Guimarães Rosa, que dizia que o homem de Minas não olha, espia. É o que estou fazendo: espiando."

Outra fé
O encontro nacional das Comunidades Eclesiais de Base, que termina hoje em Ilhéus (BA), reuniu delegados de quase todas as 226 dioceses do país. A grande ausente foi a do Rio. O cardeal-arcebispo d. Eugenio Sales (RJ) é reconhecido adversário dos católicos de esquerda.

Efeito Ciro Gomes
Luiz Paulo Vellozo, prefeito de Vitória, trava uma guerra contra a Executiva do PSDB-ES, que quer impugnar na Justiça sua chapa com Cesar Colnago (PPS). Vellozo vê um golpe em marcha, articulado pelo governador José Ignácio, e já pediu socorro à Executiva Nacional.

Ganhando espaço
O Conselho Estadual da Condição Feminina (SP) vai promover cursos de capacitação de mulheres candidatas a partir do dia 22 de julho. Prepara também um guia sobre a história da participação da mulher na política.

TIROTEIO
Do ex-presidente Fernando Collor (PRTB), candidato à Prefeitura de SP, sobre Marta Suplicy (PT), líder nas pesquisas, ter dito que tem chances de vencer a eleição no primeiro turno:
- Ninguém ganha essa eleição no primeiro turno. Ela está sendo insincera ou está completamente fora da realidade.

CONTRAPONTO

Telefone mineiro
Prefeito de Araxá (MG), Olavo Drummond costuma dizer que celular de mineiro é "segredo de Estado". Um recente diálogo entre o senador José de Alencar (PMDB) e Pimenta da Veiga (Comunicações), ambos mineiros, confirma a tese. Celular à mão, Alencar disse ao ministro:
- Tenho duas provas de apreço a lhe dar. Veja, tenho registrado o seu telefone secreto. Só registro o de quem estimo.
- E qual é a segunda, senador? -perguntou o ministro.
- Nunca o incomodei.
Pimenta, ligeiro, retruca:
- Também tenho uma prova. Deram-me o seu número. Mas não o registrei, temendo a tentação de lhe incomodar.
Sobre o assunto, o deputado Bonifácio de Andrada (MG) é definitivo:
-O único a ter o nosso número secreto é o presidente. Pode haver uma reforma ministerial inesperada. Sabe-se lá...


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