São Paulo, sábado, 15 de julho de 2000


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BC entrega 43 das 82 ordens de pagamento

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um ano após a quebra do sigilo da "conta-mãe" do esquema da obra do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) paulista, o Banco Central começou a entregar os primeiros resultados dos rastreamentos determinados pelo Ministério Público Federal em São Paulo.
Até ontem, o BC entregou o destino de 43 dos 82 das ordens de pagamentos feitas pela conta mantida pela Incal Incorporações no Banco do Brasil, por onde transitou o dinheiro desviado da obra.
Há um mês, a juíza federal Raecler Baldresca deu um prazo de 90 dias para o BC cumprir as quebras do sigilo bancário.
O primeiro pedido de informações havia sido feito pelo Ministério Público em abril de 1999.
O governo destinou R$ 232 milhões à obra do TRT de São Paulo, dos quais R$ 169 milhões foram desviados, segundo auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União).
Já se sabe que, desse total, US$ 34 milhões foram parar nas contas do grupo OK, do ex-senador Luiz Estevão (PMDB-SP), e que o juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto, que está foragido, recebeu outros US$ 6,2 milhões.
Para saber o paradeiro do resto do dinheiro, é necessário o rastreamento das 82 ordens de pagamento.

Ultimato
O Ministério Público deu um ultimato ao BC porque, até anteontem, haviam sido rastreadas apenas oito ordens de pagamento. Ontem foram encaminhadas 36, e faltam ainda 39.
O BC declarou ontem que o rastreamento está demorando tanto porque, quando o Ministério Público fez o pedido original para vasculhar a conta da Incal, não se conhecia as 82 ordens de pagamento.
A instituição afirma que, conforme as ordens de pagamento foram sendo localizadas, a documentação parcial foi enviada aos procuradores para que fossem feitas novas quebras de sigilo bancário.
Segundo o BC, para enviar as planilhas com informações ao Ministério Público foi necessário reunir e analisar cerca de 3.000 documentos.

"Laranjas"
O relatório entregue ontem não significa que tenham sido localizados os recursos desaparecidos. É provável que os recursos tenham transitado em contas de outros intermediários antes de chegar ao destino final.
A experiência das CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) mostra que, na maior parte das vezes, os recursos transitam em contas de "laranjas" e são enviados aos chamados paraísos fiscais, que tem rígido sigilo.
Mas já aconteceu de rastreamentos chegarem a pessoas conhecidas.
O BC informou ontem que pretende entregar a documentação restante ao Ministério Público bem antes do final do prazo determinado pela Justiça, que acaba em 16 de agosto.


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