JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O senador Romeu Tuma, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PFL, descreve a gravação divulgada pela revista "Istoé" como "um cenário".
"Para mim foi montagem num esquema deles lá, foi o próprio juiz e este interlocutor que era direcionado a fazer este tipo de pergunta. Alguém que quer atingir a mim e a toda investigação."
Tuma nega todas as acusações feitas contra ele e atribui tudo -o prédio na Paulista, as supostas contratações de parentes- à imaginação do juiz foragido Nicolau dos Santos Neto, que teria conexões com a chamada "comunidade de informações". Sobre os efeitos das denúncias na campanha, diz que a oposição usá-las.
Leia abaixo a entrevista:

Folha - Qual o envolvimento do sr. com o desvio de verba para a construção do Fórum Trabalhista de São Paulo?
Tuma - Não tem envolvimento. Existe uma coisa: alguém que é foragido, ladrão, bandido. Quem é o interlocutor dele, que é mais um interrogador do que um interlocutor e que passa a perguntar tudo dirigido sobre o meu comportamento de relação de amizade com o juiz. Em nenhum momento fala em corrupção, na máfia que desviou R$ 169 milhões do tribunal.

Folha - O sr. chegou a frequentar na casa dele?
Tuma - Mentira. Mentira deslavada, porque ele nunca me convidou. Se tivesse convidado como presidente do tribunal, não teria nenhuma falta de ética em ter ido.

Folha - Mas ele fala que o sr. conhecia o funcionamento de desvio de verba do TRT?
Tuma - Mentira dele. Eu tomei conhecimento quando a CPI começou a investigar. Ele começa a colocar coisas, e é aí que eu acho que é um cenário montado para tentar desmoralizar aquele que fez todos os relatórios para apurar a conduta ética do senador.

Folha - O sr. está se referindo ao Luiz Estevão?
Tuma - A toda a quadrilha. Eu não vou identificar nenhum porque eu acho que isto é um esquema que foi montado.

Folha - Quem está na quadrilha?
Tuma - Você sabe mais do que eu.

Folha - O sr. acha que foram eles que fizeram as gravações?
Tuma - Para mim foi montagem num esquema deles. Foi o próprio juiz e este interlocutor que era direcionado a fazer este tipo de pergunta. Alguém que quer atingir a mim e a toda investigação.

Folha - O sr. chegou a procurá-lo?
Tuma - Nunca. Nunca. Nunca.

Folha - Pediu a ele trabalho para algum familiar seu?
Tuma - Negativo, ele mentiu. O meu irmão, que ele diz que nomeou, é secretário-geral, o mais alto posto da Câmara Municipal, há mais de 40 anos. O outro meu irmão é empresário e nunca trabalhou em função pública. Sempre exerci atividades comerciais, empresariais e de construção.

Folha - O sr. tem um cunhado que é juiz classista.
Tuma - Tenho um juiz classista na minha família, indicado administrativo do sindicato a que pertencia e nomeado por outro presidente, que nunca foi o Nicolau.

Folha- Nas fitas, o juiz diz que o sr.ajudaria no relatório da CPI.
Tuma - Falei com Ramez Tebet quando estava para ser designado o relator do caso na CCJ e o encaminhamento do relatório como corregedor. Não troquei idéias sobre a postura do juiz.

Folha - Acha que foi montado?
Tuma - É um cenário que foi montado. A turma não quer que eu diga que foi um cenário, mas é tão evidente. É tudo mais ou menos armado para poder tentar desmoralizar a estrutura que o responsabilizou criminalmente.

Folha - E o senhor acha que ele participa do cenário?
Tuma Ele tinha que estar preparado para dar as respostas. Quem grampeou? Diz que é a Polícia Federal, a Abin. Por que não o prenderam? Ou alguém está prevaricando, está dando cobertura para ele.

Folha - Quem são os citados na fita, relacionados ao senhor?
Tuma - Prendi toda essa máfia chinesa. O grego eu processei, foi preso e condenado... ele fazia grampos telefônicos e queria a retirada dos policiais federais da Galeria Pajé. O juiz liga isso porque misturou pessoas que eu conhecia, que não sei nem o que é.



Texto Anterior: Base aliada sai em defesa de FHC
Próximo Texto: Frase
Índice