São Paulo, sábado, 15 de julho de 2006

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PAINEL

Vera Magalhães (interina) @ - painel@uol.com.br

Crise chega ao ninho

A crise na segurança em São Paulo volta a opor Geraldo Alckmin e José Serra. Enquanto o presidenciável tucano pressiona Cláudio Lembo para que se mantenha inflexível na recusa a qualquer ajuda federal, Serra acha que o governo paulista deveria inverter o jogo e assumir uma postura afirmativa na crise, "qualificando" os recursos federais que seriam úteis.
Alckmin disse a Lembo e a aliados que aceitar ajuda federal seria dar a Lula o discurso de que interveio em São Paulo, sua seara. Já o candidato ao governo acha que a simples recusa passa à população a imagem de arrogância. Ele defende, por exemplo, que o Estado use o Exército para vigiar as muralhas dos presídios e diga para que funções tropas federais seriam úteis.

Quem dá mais. A pauta inicial do governo de São Paulo era pedir R$ 22 milhões do Fundo Penitenciário. Os assessores de Lembo se espantaram quando a delegação federal chegou com a proposta de repassar R$ 100 milhões.

Ainda ele. Em vários momentos de ontem, membros do governo estadual insinuaram que a responsabilidade pela crise -eles faziam questão de dizer que é do sistema penitenciário- era do ex-secretário Nagashi Furukawa, que deixou o cargo em maio.

Delegacia. O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência ficará de plantão no final de semana para a eventualidade de novos ataques da facção criminosa.

Superlotação. O PT pôs 40 pessoas para fazer seu programa de segurança, contra média de 5 para os demais temas. Há professores, servidores do Ministério da Justiça, policiais, deputados e prefeitos.

Safári. O coordenador do grupo, José Vicente Tavares, pretende passar dez dias na África do Sul, conhecendo experiências de combate ao crime. O programa deve ser um dos últimos a ficar pronto.

Sparring Foi calculada a entrada de Jorge Bornhausen no debate da segurança. O pefelista temeu que Alckmin fosse novamente alvo dos petistas, e quis atrair para si a artilharia. O presidente do PFL, que não é candidato, cumprirá esse papel na campanha.

Campo neutro. Com a presença do vice José Alencar, a coordenação da campanha de Lula em Santa Catarina testa hoje um modelo que pode ser levado a outros Estados: um fórum de debates com partidos e setores empresariais que apóiam o presidente, mas não se bicam com os petistas regionalmente.

Portas abertas. Esperidião Amin (PP), candidato ao governo no Estado que se declara "neutro" na disputa presidencial, não foi convidado diretamente para o evento em Florianópolis. Mas Joarez Ponticelli, presidente regional do PP, foi contatado para levar correligionários e prefeitos "lulistas" da sigla.

Ponto de vista. Com a queda na diferença entre Lula e Alckmin nas pesquisas, os petistas agora apontam para o voto espontâneo, que ainda dá 15 pontos de vantagem para o presidente. "Esse é o indicador mais importante", afirma Jaques Wagner (BA).

Ostracismo 1. O MLST, responsável pelo quebra-quebra na Câmara, foi excluído da plenária formada nesta semana com 60 movimentos sociais que dão apoio à campanha reeleitoral de Lula.

Ostracismo 2. Outro ausente é o MST, que decidiu dar apoio "envergonhado" ao presidente para evitar constrangimento ao petista. CUT, UNE e movimentos de moradia figuram na lista.

Fantasma. Sem ocupação formal no governo do Rio de Janeiro há meses, Anthony Garotinho (PMDB) mantém uma secretária para atendê-lo no Palácio das Laranjeiras, de onde despacha sua mulher, a governadora Rosinha.

Tiroteio

Cláudio Lembo está equivocado: nem todo mundo que quer ser governador é malandro; talvez aqueles que foram eleitos até hoje sejam.


Do deputado ORLANDO FANTAZZINI (PSOL-SP) sobre a frase de Cláudio Lembo (PFL) segundo a qual "só malandro" quer ocupar o cargo máximo do Executivo paulista.

Contraponto

Muito prazer

Na última terça-feira, o presidente Lula recebeu o presidente de Gana, John Agyekum Kufour, para um almoço oficial no Itamaraty.
O ministro do Esporte, Orlando Silva, que assumiu o cargo na última reforma ministerial, participou da solenidade. Uma de suas assessoras conversava pelo telefone celular e em dado momento falou para o interlocutor:
-Espere um momento que eu vou passar você para o ministro Orlando Silva.
A pessoa do outro lado da linha não deve ter associado o nome ao cargo, porque a assessora, constrangida, teve de explicar, diante do ministro:
-O Orlando Silva, ministro do Esporte, não conhece?


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