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Acusados envolvem petista com máfia
Donos da Planam dizem ter dado propina para ex-diretor-geral da ANTT intermediar liberação de recursos com Ministério da Saúde
Empresários teriam pago de 5% a 10% do valor de 130 ambulâncias; o episódio ocorreu na gestão do petista Humberto Costa na pasta
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
Apontados como líderes da
quadrilha dos sanguessugas, os
empresários Darci Vedoin e
Luiz Antonio Trevisan Vedoin,
donos da Planam, disseram em
depoimento à CPI que investiga o caso que pagaram propina
para a liberação de recursos do
Ministério da Saúde para a
compra de 130 ambulâncias.
O dinheiro, segundo eles, teria sido repassado na gestão do
ex-ministro da Saúde Humberto Costa por meio de "pedágio"
de 5% a 10% do valor dos veículos. O beneficiário da propina
seria José Airton Cirilo, que foi
candidato derrotado do PT ao
governo do Ceará em 2002, foi
diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes
Terrestres), e é atualmente
candidato a deputado federal.
No depoimento, Darci disse
que o dinheiro foi pago a duas
pessoas identificadas só como
Diniz e Lacerda. Eles seriam interlocutores de Cirilo na negociação. A promessa que teria sido repassada aos Vedoin é que
Cirilo intermediaria a liberação
dos recursos com o ministro
Humberto Costa. Cirilo e Costa
negam participação na fraude.
O depoimento de Darci Vedoin aconteceu na última terça-feira, em Cuiabá.
Na oportunidade, ele ressaltou à CPI dos Sanguessugas
que seu filho, Luiz Antonio, teria condições de comprovar o
que ele disse. A Folha apurou
que, em seu depoimento à Justiça Federal do Mato Grosso,
Luiz Antonio confirmou o negócio feito com Cirilo. O empresário teria apresentado notas de pagamentos do dinheiro
e de passagens aéreas dos interlocutores do candidato.
Segundo o depoimento dos
Vedoin, no início do governo
Lula eles procuraram o ministro Humberto Costa para tentar liberar dinheiro para comprar ambulâncias. Na época, o
ministro teria negado.
Ainda segundo o depoimento, eles foram procurados entre
janeiro e fevereiro de 2003 pelos interlocutores de Cirilo. À
época, havia sido decretado um
corte na liberação de recursos
do governo e uma das áreas
mais atingidas foi a da Saúde.
A medida atingiu em cheio a
execução de pagamentos para a
compra de ambulâncias da Planam -empresa dos Vedoin
que, segundo a investigação da
Polícia Federal e do Ministério
Público, chefiava o esquema de
venda dos veículos superfaturados a prefeituras do país. Os
recursos para o esquema eram
alocados no Orçamento da
União por meio de emendas de
deputados e senadores.
Diniz e Lacerda, afirmando
falar em nome de Cirilo, teriam
dito aos empresários que conseguiriam liberar os recursos
do Ministério da Saúde. Eles
teriam pedido uma comissão
de 5% do valor total das 130
ambulâncias, cada uma avaliada em R$ 80 mil. A propina seria, então, de R$ 520 mil.
A Folha apurou, porém, que
no depoimento à Justiça Federal do Mato Grosso, Luiz Antonio disse que o valor pedido foi
de 10%, somando R$ 1,04 milhão de propina. As revelações
foram feitas depois que ele
acertou com autoridades acordo de delação premiada, que
pode reduzir a possível pena.
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