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PSDB de SP busca no PT justificativa para enterro de CPI
Ao impedir a instalação da CPI da CDHU, presidente da Assembléia diz que agiu como João Paulo Cunha (PT-SP)
Quando era presidente da Câmara, o petista também arquivou CPIs pedidas na legislatura passada; tucanos negam constrangimento
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A articulação do PSDB de São
Paulo pelo engavetamento da
CPI da CDHU (Companhia de
Desenvolvimento Habitacional
e Urbano) tem exigido malabarismo do comando do partido
para responder a uma provocação petista: de que os tucanos
não praticam o seu discurso.
Para constranger a oposição,
o presidente da Assembléia Legislativa, Vaz de Lima (PSDB),
chegou a recorrer ao exemplo
do petista João Paulo Cunha
(SP) para dar como arquivada a
CPI da Nossa Caixa. Ele também citou o ex-presidente da
Câmara para explicar a adoção
da ordem cronológica de instalação das CPIs, critério que deixou a da CDHU (15ª da fila) para o segundo semestre de 2008.
Questionado em fevereiro de
2003, João Paulo deu por arquivados os requerimentos de
CPIs apresentados na Legislatura anterior e defendia a fila de
apresentação para a instalação
de futuras CPIs.
O líder do governo na Assembléia, Barros Munhoz (PSDB),
exibiu em plenário reportagens
sobre eventual desvio de recursos do governo federal para responder às acusações de irregularidades na CDHU. "Quando,
lá em Brasília, eles usam regimento em favor deles, isso vale.
Quando uso o regimento, não a
favor de ninguém, mas a favor
da justiça, não serve?", disse
Vaz.
A evocação das práticas petistas não deixa de ser um incômodo para a bancada federal do
PSDB, que tenta se apresentar
como uma alternativa ao governo federal. Relatora do processo contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Marisa Serrano (PSDB-MS) defende que o PSDB "mostre uma face ética e se credencie como alternativa confiável".
"Tenho certeza que Serra
mostrará isso em São Paulo, assim como Aécio tem mostrado
em Minas", diz a senadora.
"Se tiver coisa errada, tem
que investigar", acrescenta ela.
"Não somos iguais ao PT", insiste o líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio,
segundo quem a diferença é
que os petistas temem os resultado das investigações. Já os tucanos não gostam dos distúrbios provocados por CPI. "Nenhum governo gosta de CPI."
Os tucanos reagem às provocações do PT paulista, de que o
PSDB tem um discurso em Brasília e outra prática em São
Paulo. "Aqui, eles não querem
CPI de jeito nenhum. Nem precisa sair do Estado", alfineta o
petista Rui Falcão, lembrando
que, na gestão de Marta Suplicy, o PSDB pregava a instalação de CPIs no município, mas
rechaçava na Alesp.
Cotado para assumir a presidência nacional do PSDB, o senador Sérgio Guerra (PE) diz:
"O PSDB não é o partido das
CPIs. No Senado, estamos fazendo a nossa obrigação."
A senadora Lúcia Vânia (GO)
alega que não se deve comparar
uma questão local com um problema no Congresso Nacional.
"A Assembléia é uma questão
localizada."
Vaz de Lima repele qualquer
comparação de sua decisão
com a estratégia de defesa de
Renan. "Querer fazer uma vinculação disso com o que está
ocorrendo no Senado não tem
nada a ver. No máximo, o que
pode querer é comparar iguais.
Comparar a obstrução que eles
tentaram e tentam fazer com a
CPI do Apagão lá com a CPI daqui é um bom intento. Agora,
até misturar com o Renan, há
quilômetros de distância."
Ele diz que não tem culpa se
os petistas não conseguiram
reunir número suficiente para
instalação da CPI da CDHU antes de outras 14. "Entre o que
eles querem e o possível, há
uma distância enorme."
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