São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 2008

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Greenhalgh se reuniu com Dilma e falou sobre Dantas

Segundo assessoria, ministra interrompeu conversa quando petista falou sobre telefonia

Em reunião, que não consta da agenda oficial, Dilma disse a advogado que Dantas querer deixar o setor não dizia respeito ao governo


SIMONE IGLESIAS
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, recebeu duas vezes neste ano, em audiências em seu gabinete, o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). Em uma das reuniões, Greenhalgh comentou que o banqueiro Daniel Dantas "tinha interesse em se retirar do ramo da telefonia".
Em 2007, Dilma se reuniu com Greenhalgh outras duas vezes, segundo confirmou a assessoria da Casa Civil. Mas os encontros não constam da agenda oficial da ministra.
Não há informação sobre o que foi tratado nas audiências, mas o tema Dantas foi introduzido por Greenhalgh em pelo menos uma delas. Após o ex-deputado comentar que Dantas tinha interesse em deixar o setor de telefonia, Dilma interrompeu o assunto, segundo informou sua assessoria, e disse a Greenhalgh "que era um assunto que deveria ser tratado com os sócios de Dantas, pois não dizia respeito ao governo".
O Planalto confirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou com Greenhalgh em uma ocasião, em 26 de junho de 2007, no aeroporto de Congonhas, mas não informou sobre o que conversaram.
Ontem, a Comissão de Ética Pública da Presidência decidiu que analisará o comportamento do chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, que também falou com Greenhalgh e atendeu a um pedido do advogado, segundo aponta a PF.
A próxima reunião da comissão está marcada para 4 de agosto. Se for chamado a se explicar e, dependendo do que responder, poderá ser aberto processo administrativo.
Em nota divulgada ontem, Carvalho admitiu que procurou o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), a pedido de Greenhalgh, para esclarecer se Humberto Braz, ligado ao banqueiro, era investigado pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) por um suposto "tenente" a serviço do órgão.
Ele diz que o ex-deputado pediu que ele obtivesse mais informações sobre seu cliente com a PF, mas que não fez contato nem com o Ministério da Justiça nem com a PF. Carvalho teve três encontros com o ex-deputado neste ano em audiências no Planalto. Greenhalgh não quis comentar.
Ao ser questionado se considera normal que assessor da Presidência repasse dados a advogados, o Planalto disse que não comentaria o assunto porque Lula considerou que a nota de Carvalho encerra o tema.


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