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PRIVATIZAÇÃO
Governo vai ter apenas o necessário para manter o controle
União decide vender ações
excedentes da Petrobrás
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
O governo decidiu vender a parcela de ações da Petrobrás que ultrapassa o mínimo necessário para
a União manter o controle da
maior estatal brasileira (50% mais
uma das ações com direito a voto).
A venda de 31,7% das ações ordinárias e 9,2% das ações preferenciais (sem direito a voto) da estatal
deverá render, segundo expectativa preliminar, R$ 6,6 bilhões, mais
que o dobro do preço obtido no
primeiro leilão da Companhia Vale do Rio Doce, em maio.
A decisão foi tomada ontem em
reunião do CND (Conselho Nacional de Desestatização) e anunciada
pelo ministro do Planejamento,
Antonio Kandir. "É decisão do
governo vender tudo aquilo que
excede o lote mínimo necessário
para deter o controle", resumiu.
Não está definido ainda quando
as ações serão vendidas, de que
forma a venda ocorrerá nem qual o
destino do dinheiro arrecadado.
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) vai contratar consultores
para detalhar a operação. "Não
vale a pena especular sobre isso",
disse Kandir após reunião no Planalto, insistindo em que a operação será feita de forma a permitir
"o maior ganho possível".
Por enquanto, a decisão do CND
representará a transferência das
ações "excedentes" da Petrobrás
do Fundo de Amortização da Dívida para o Programa Nacional de
Desestatização. O ato dá início formal ao processo de venda.
A decisão do BNDES preserva o
controle da Petrobrás pela União.
A privatização, defendida pelo
presidente do PFL, deputado José
Jorge (PE), ainda é considerada
inoportuna por interlocutores do
presidente Fernando Henrique
Cardoso. Um desses interlocutores, o governador Tasso Jereissati
(CE), diz que a privatização não
pode ser descartada num eventual
segundo mandato do presidente.
FHC assumiu por escrito um
compromisso de não privatizar a
empresa quando buscava votos no
Congresso para aprovar a emenda
que quebrou o monopólio da estatal na exploração e refino do petróleo. Foi justamente a regulamentação dessa emenda que possibilitou
a venda das ações "excedentes".
A lei sancionada por FHC na semana passada diz que o controle
da União é exercido com metade
mais uma das ações ordinárias da
empresa, e não mais do total das
ações (incluindo as preferenciais).
Hoje, a União detém 81,7% das
ações ordinárias e 9,2% das ações
preferenciais da Petrobrás.
Balanço
O balanço da Petrobrás referente
ao primeiro semestre registrou um
lucro líquido de R$ 252 milhões,
uma queda de 16,8% em relação ao
mesmo período de 96. O lucro por
ação foi de R$ 2,32.
O faturamento bruto cresceu de
R$ 11,09 bilhões no primeiro semestre de 96 para R$ 12,99 bilhões
no primeiro semestre de 97. Mas o
faturamento líquido (descontados
impostos e encargos) caiu de R$
8,19 bilhões para R$ 7,91 bilhões.
Colaborou a Sucursal do Rio
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