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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DA CASSAÇÃO
Presidente, que está em Nova York, recebeu por
telefone informações sobre Jefferson e Severino
Nos EUA, Lula reage com alívio ao saber da cassação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva foi informado por telefone, pelo ministro Jaques Wagner
(Relações Institucionais), do resultado da votação que cassou o
deputado Roberto Jefferson
(PTB-RJ) quando o placar dava o
número mínimo suficiente de votos para a cassação. A reação do
presidente foi de alívio, segundo a
Folha apurou.
Lula está em viagem oficial a
Nova York, onde participa de reunião da ONU, e chega hoje à noite
a Brasília. Jefferson foi o autor das
denúncias que deflagraram a
maior crise da atual gestão.
Em relação à situação do presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), Lula foi
informado durante todo o dia das
novidades por telefone. A avaliação foi que a apresentação do cheque em nome da secretária de Severino tornou a situação "insustentável".
Entre parlamentares, a cassação
de Jefferson foi vista como um
precedente para que a Câmara
decrete a perda de mandato dos
outros envolvidos no escândalo
do "mensalão". "A Câmara deu
uma clara demonstração de que
vai punir todos os que quebraram
o decoro. Não vamos passar a
mão na cabeça de ninguém", disse o deputado Antônio Carlos
Magalhães Neto (PFL-BA).
A interpretação foi a mesma entre os apoiadores de Jefferson.
"Abriu a porteira. Agora quem
não quiser ser cassado que renuncie", disse o deputado Luiz Antônio Fleury (PTB-SP).
O líder do PTB na Câmara, José
Múcio (PE), disse que seu correligionário foi punido por ter dito
verdades. "Lamento profundamente, porque ele pagou o preço
por ter falado e mostrado coisas
que ninguém conhecia", disse. Segundo Múcio, o partido foi surpreendido pela presença maciça
em plenário -489 dos 513 deputados estavam na sessão.
Outro petebista, Nelson Marquezelli (SP), teve a mesma opinião. "Estamos surpreendidos
com a votação. O denunciante foi
cassado. Vamos ver se os denunciados também serão."
Já o líder do PSDB na Câmara,
Alberto Goldman (SP), afirmou
que o fato de Jefferson ter denunciado o esquema não é atenuante.
"O resultado foi esperado, que
configura o início de um processo
de limpeza interno. É verdade que
o papel [de Jefferson] foi positivo,
mas ele foi partícipe da montagem do esquema e portanto não
poderia deixar de ser punido."
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