Resultado do Datafolha confirma tendência que segue presidente desde eleição de 89, quando Collor era o preferido entre as mulheres

Petista tem preferência de 55% dos homens e de 45% das mulheres; Alckmin tem 29% dos votos femininos e 26% dos masculinos

MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma interrogação persegue o PT desde a primeira campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, em 1989: por que as mulheres não alimentam tanta simpatia pelo petista quanto os homens? A tendência histórica se confirma, 17 anos depois: o último levantamento do Datafolha (11 e 12 de setembro) mostra que Lula têm a preferência de 55% do eleitorado masculino, mas, entre as mulheres, a intenção de votos cai para 45%.
Nas eleições de 2002, o assunto mobilizou toda a coordenação de campanha de Lula. A última pesquisa do Datafolha de outubro de 2002 mostrava que Lula tinha 52% dos votos de homens e 39% das mulheres; e José Serra foi escolhido por 17% dos eleitores homens e 24% das mulheres. Hoje, o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, tem 29% dos votos entre mulheres e 26% de homens.
Em 1998, algumas pesquisas qualitativas feitas por publicitários que auxiliavam o PT tentavam entender a alma feminina. Algumas mulheres disseram, na ocasião: "O Lula se parece muito com o meu marido".
A imagem do petista estava associada ao companheiro comum, que a mulher tinha a seu lado, dentro de casa. Nem de perto se parecia com o "galã" Fernando Collor de Mello, que levou vantagem entre as mulheres e venceu em 1989.
Dirigentes do PT consideram o Lula de 1989 tinha uma imagem mais agressiva, impostação de voz forte. Em 2002, lembram, Lula suava muito nas agendas de campanha e trocava sucessivamente de camisas.
Investigar a rejeição entre as mulheres, no entanto, não se trata de uma obsessão sociológica. No último levantamento do Tribunal Superior Eleitoral, as mulheres representam 51,53% do eleitorado, e os homens, 48,33%.
Um aspecto interessante desse debate, ressalta o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, são as "razões" apontadas pelo eleitor para votar em Alckmin, conforme levantamento feito em maio deste ano: 37% das mulheres dizem que votam nele pela imagem, por ser honesto, sincero. Entre os homens, só 27% votam no tucano por conta da imagem.
Quando investigadas as razões para votar em Lula, 28% das mulheres o escolhem pelo desempenho na área social. No eleitorado masculino, esse quesito é preponderante para 22% dos homens votarem em Lula.
Já o desempenho do governo Lula na economia rende mais votos entre homens: 18%. Mas só 9% das mulheres acham a economia relevante.
O coordenador de pesquisas da campanha de Lula, Joaquim Soriano, afirma que não conhece nenhuma explicação consistente para o fenômeno.
Segundo ele, tradicionalmente o voto feminino é um dos últimos a se definir, sobretudo nas classes mais populares. Soriano enfatiza que, desde o início do horário eleitoral, Lula ganhou mais votos femininos. E a situação atual é muito mais confortável que em disputas anteriores. "Na campanha de 2002 me recordo que houve um grande debate sobre como tratar desse problema", conta.
Atualmente ele não vê as causas de rejeição de Lula entre mulheres. "Tem um eleitorado feminino imediatamente beneficiado pelo governo Lula com as políticas sociais e no que diz respeito também ao preço da cesta básica. Grande parte das mulheres é responsável pela gestão econômica da família."
A coordenadora do caderno "Mulheres" do programa de governo de Lula de 2006, Vera Soares, diz que o governo Lula e o partido têm dificuldades de comunicação com as mulheres. Mas ela ressalta que o PT, historicamente, foi o mais engajado na defesa de políticas públicas para o público feminino.


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