Mínimos detalhes

O advogado do deputado cassado Roberto Jefferson, Luiz Francisco Barbosa, protocolou ontem na Casa Civil um pedido de informações sobre as providências que a Presidência da República teria tomado depois do encontro, realizado em janeiro de 2005, no qual o presidente do PTB afirma ter relatado a Lula o esquema "de pagamentos periódicos a deputados da base aliada", que veio a ser conhecido como mensalão. Nas descrições que posteriormente fez de sua conversa com Lula, Jefferson disse que o presidente chorou e ficou de mandar averiguar o assunto.
O pedido de informações foi endereçado a Dilma Rousseff com recomendação de urgência. A ministra tem duas semanas para responder.

Tutu 1. O almoço que reuniu ontem em Sabará o governador Aécio Neves, o ministro do STF Joaquim Barbosa, relator do processo do "mensalão mineiro", e o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que em breve deve apresentar a denúncia contra aliados do tucano, estendeu-se por quatro horas. Os três tiveram conversa reservada por hora e meia.

Tutu 2. Barbosa e Antonio Fernando foram agraciados com a Grande Medalha da Inconfidência. O almoço ocorreu no Solar dos Sepúlvedas, pertencente à família do ex-ministro do Supremo Sepúlveda Pertence. A ministra Cármen Lúcia também participou do evento, mas não da conversa privada.

Nem vem. Os aliados de Renan Calheiros (PMDB-AL) fecharam o discurso para o caso de vingar a blitz pelo fim das sessões e dos votos secretos: os outros processos contra o presidente do Senado já foram iniciados. Precisam ser concluídos, portanto, com as mesmas regras, dizem eles.

Cansei! A brigada renanzista está desde quarta à noite pregando a necessidade de "mudar de assunto". "A tendência agora é virar a página, né? Nem vocês agüentam mais esse papo", dizia um sorridente Gilvam Borges (PMDB-AP) para os jornalistas no plenário vazio, ontem.

Ponte aérea. Não foi só o governo que se assustou com a possibilidade de Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) ganhar força para presidir o Senado com a eventual cassação de Renan. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), esteve em Brasília e conversou com os três senadores do PSB. A aposta geral é que virou o voto de Antonio Carlos Valladares (SE).

Empírico. Depois de testar oito hipóteses para o acidente com o avião da TAM em Congonhas num simulador ontem em São Paulo, o relator da CPI do Apagão Aéreo da Câmara, Marco Maia (PT-RS), disse que está reforçada a tese de falha mecânica fora dos padrões previstos pela Airbus.

Armistício. O acordo para que José Henrique Lobo dirija o diretório paulistano do PSDB durante a campanha eleitoral foi precedido por reuniões de deputados ligados a Geraldo Alckmin, pré-candidato tucano, com José Serra, que tenta reeleger Gilberto Kassab (DEM). O governador esteve com os alckmistas José Aníbal, Edson Aparecido e Silvio Torres.

Sem comitiva. Enquanto Alckmin faz pré-campanha indo à missa em diferentes bairros da periferia paulistana, Kassab intensifica visitas às favelas da capital. No fim de semana passado, o prefeito esteve nas de Paraisópolis e Heliópolis. Foi acompanhado apenas de um assessor e do ajudante-de-ordens.

Câmera, ação. Antes de almoço com jornalistas ontem na zona oeste de São Paulo, Kassab pediu que assessores achassem um estabelecimento comercial próximo do restaurante que estivesse infringindo a lei Cidade Limpa. Trabalho feito, o prefeito foi pessoalmente fechar uma farmácia em situação irregular.

Celebridade. A Assembléia Legislativa de São Paulo vai radicalizar a tendência dos Parlamentos de transmitir por TV os trabalhos dos deputados. A Mesa instalou câmeras nos seis plenários da Casa. As imagens ao vivo poderão ser acessadas pela internet.

Tiroteio

"Desafio os empresários paulistas a baixarem de uma vez em 8% os preços de seus produtos".
Do deputado federal HENRIQUE FONTANA (PT-RS), vice-líder do governo na Câmara, mencionando a perda percentual de receitas que a União terá caso não seja prorrogada a CPMF, como deseja a Fiesp.

Contraponto

Passatempo

A sessão da Comissão Especial que aprovou a prorrogação da CPMF se estendeu até a madrugada de ontem graças a uma série de manobras da oposição.
Conhecido por seu gosto pela leitura, o líder da bancada do PPS na Câmara, Fernando Coruja (SC), atraiu todos os olhares ao chegar à sessão portando duas enormes sacolas abarrotadas de livros.
-É meu kit obstrução!-, disse o deputado, e completou:
-A sessão pode durar o tempo que for. Tenho o que fazer.
Foi providencial: os trabalhos acabaram depois das 3h.


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