São Paulo, Sexta-feira, 15 de Outubro de 1999
Próximo Texto | Índice

PAINEL

Tentando amarrar...

O governo já está costurando apoio à sua proposta para a Previdência pública com governadores que se reunirão com FHC: criação de fundos estaduais e cobrança dos servidores inativos devem ser os pontos principais. Será enviada emenda constitucional ao Congresso.

...um pré-acordo

O Planalto também está fazendo o que deveria ter feito antes da última derrota no STF: já sondou ministros do Supremo, comprometendo-se a elaborar uma emenda que não tenha falhas jurídicas. Em troca, o Executivo deverá voltar a tratar de aumento do teto salarial.

Covas à frente

Governadores aliados se dispuseram a apoiar a solução que FHC apresenta amanhã para a Previdência dos servidores públicos. Mas já alertaram: cobrarão medidas prometidas na reunião de fevereiro e que até hoje não foram implementadas. A choradeira é justa.

Duas vozes

FHC telefonou para Velloso, condenando o ataque da ""The Economist", que chamou os ministros do STF de ""loucos". Disse que veria qual manifestação podia fazer. Na mesma hora, o porta-voz falava que o presidente não tinha nada a dizer.


Lei só vale na Inglaterra
De Luiz Fernando de Carvalho, da Associação dos Magistrados Brasileiros, sobre a revista ""The Economist" chamar de ""loucos" os ministros do STF que derrubaram a cobrança previdenciária dos inativos: "A revista errou na conta. Não são 11, mas 12 loucos, já que FHC declarou que, se fosse do STF, teria votado da mesma forma".

Reforma Barnabé

A proposta de Eduardo Jorge (PT) para a Previdência só foi cogitada pelo governo para criar um clima de negociação, mas nunca foi levada a sério. Motivo: FHC quer mexer só com a Previdência dos servidores. Não deseja voltar a falar em mudanças do sistema privado. Cansou de apanhar nessa área.


Tendência de queda

Um ministro aposta que, após as medidas divulgadas ontem, o próximo passo do Banco Central será diminuir os juros básicos, hoje em 19% ao ano.

Recibo assinado

O governo até que se esforça. Ontem, após Armínio Fraga terminar o anúncio de medidas, a imprensa achou um bilhete que ele recebeu da assessoria. Pedia que o presidente do BC enfatizasse que o objetivo delas é expandir o crédito e não aumentar a popularidade de FHC.

Última chamada

Finalmente saiu o convite da Itália para FHC participar da reunião da Terceira Via (grosso modo, uma alternativa que mistura liberalismo e socialismo). A reunião será na segunda quinzena, em Florença. O presidente poderá se encontrar com Tony Blair e Bill Clinton.

Tudo para fritar Malan

Os políticos faziam questão de espalhar ontem que as medidas divulgadas pelo governo para tentar diminuir os juros para o tomador final foram feitas pela dupla Tápias-Fraga. É exagero: o Banco Central já vinha estudando o assunto.

Ato falho
A assessoria de FHC retirou da transcrição do discurso do presidente a palavra "constrangimento", utilizada por ele ontem quando se referia ao fato de o país ter recorrido ao FMI.

Inimigo comum

A frente de cinco partidos que apoiou Lula em 98 (PT, PSB, PDT, PC do B e PCB) lança em 18 de novembro manifesto no qual, implicitamente, coloca Ciro (PPS) como opção de direita e tenta manter um discurso único, apesar das divergências.

De olho
O Tribunal de Justiça decidiu manter o bloqueio dos bens de Pitta. O prefeito de SP é acusado de ter usado informações falsas em anúncio oficial sobre gastos com a educação. Seus bens continuarão indisponíveis até o julgamento do mérito da ação.

TIROTEIO

Do vereador Salim Curiati Jr. (PPB), sobre Marco Aurélio de Abreu (PTN) ter sido preso ontem momentos antes de tomar posse como secretário de Pitta:
- Com o número cada vez maior de fugas nos presídios de SP, não faltarão nomes para Pitta substituir o que ainda sobrou de gente séria em seu governo.

CONTRAPONTO

Manual do pefelista
Esperidião Amin (PPB-SC) e Albano Franco (PSDB-SE) trocaram um telefonema ontem. Os dois participarão da reunião de amanhã em Brasília entre governadores e FHC.
Pretendem cobrar providências acertadas no encontro de governadores do início do ano que não teriam sido cumpridas pela equipe econômica. Amin, então, resolveu brincar, falando que também não criariam constrangimento ao presidente:
- Albano, leve o Levino Cruz!
O catarinense se referia a um cabo eleitoral do pai de Albano, Augusto Franco, que tem duas pérolas sobre governismo. Cruz é uma espécie de pefelista de alma. Um de seus ensinamentos:
- Não bajular autoridades já é um ato de oposição.
Levino Cruz também tinha um conselho para toda conversa com uma autoridade importante, como um presidente ou um governador. Saudá-las assim:
- Desejo manifestar minha admiração e hipotecar meu irrestrito apoio a vossa excelência e a seus dignos sucessores!


Próximo Texto: Previdência: Governo estuda diminuir vencimentos de inativos
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.