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PREVIDÊNCIA
Acordo de líderes governistas classificava a tributação de inativos e pensionistas como "indevida"
Cobrança havia sido descartada em 98
SILVANA DE FREITAS
da Sucursal de Brasília
A cobrança de contribuição
previdenciária de servidores inativos e pensionistas, recentemente proibida pelo STF (Supremo
Tribunal Federal), já havia sido
descartada por acordo de líderes
dos partidos governistas na Câmara, em 11 de fevereiro de 98.
O plenário da Câmara aprovou,
por 481 votos a 5, uma proposta
da base governista de retirada da
norma da reforma da Previdência
que previa expressamente a cobrança do tributo.
A "justificação" formal para a
proposta de mudança no texto da
emenda constitucional revela a
"expressa concordância" do Palácio do Planalto.
"Entendimentos firmados entre
os líderes dos partidos da base de
apoio do governo, com a expressa
concordância do Poder Executivo, por intermédio de seu líder na
Câmara dos Deputados, Luís
Eduardo Magalhães (PFL-BA),
concluíram que a cobrança de
contribuição previdenciária de
aposentados e pensionistas da
União (...) é indevida."
Essa justificativa e um "comunicado parlamentar" com compromisso pela retirada da norma tiveram a assinatura dos líderes
Inocêncio Oliveira (PFL-BA), Aécio Neves (PSDB-MG), Geddel
Vieira Lima (PMDB-BA), Odelmo Leão (PPB-MG) e Paulo Heslander (PTB-MG), além de Luís
Eduardo, e do vice-líder do PPB
Gerson Peres, articulador da proposta.
Esses documentos e a transcrição da sessão plenária, com as declarações dos líderes governistas e
demais parlamentares, estão registrados no "Diário da Câmara
dos Deputados" do dia seguinte,
12 de fevereiro de 98. Luís Eduardo morreu três meses depois.
A norma que autorizava a cobrança da contribuição de inativos e pensionistas havia sido proposta pelo governo, retirada pelos
deputados, reintroduzida pelos
senadores e, por fim, foi novamente suprimida pela Câmara.
O acordo dos líderes governistas permitiu a aprovação da
emenda constitucional da reforma previdenciária. Parte dos parlamentares da base governista se
recusava a aceitar a cobrança do
tributo de inativos e pensionistas.
A cobrança dos inativos já estava em vigor graças a uma medida
provisória. A transcrição das notas da sessão também revela que o
governo havia assumido o compromisso de abandonar essa cobrança.
A MP foi derrubada pelo Congresso, mas a cobrança foi novamente instituída por lei aprovada
pelos próprios parlamentares, em
28 de janeiro último.
Deputados e senadores recuaram e deram aval à contribuição
graças à crise que culminou na
desvalorização do real, ocorrida
no dia 13 de janeiro.
No último dia 30, o STF rejeitou
a cobrança do tributo por decisão
unânime. Em seguida, o tribunal
foi duramente criticado pelo governo e por parlamentares. Os
ministros do STF afirmam que
não teriam como aplicar outra interpretação à Constituição.
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