São Paulo, Sexta-feira, 15 de Outubro de 1999
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Procuradoria do AC faz cinco denúncias

ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília

O Ministério Público Federal no Acre apresentou à Justiça cinco denúncias contra o deputado federal cassado Hildebrando Pascoal e mais nove pessoas acusadas de assassinatos e narcotráfico no Estado. As penas podem chegar a 70 anos de prisão.
O juiz federal Pedro Francisco da Silva recebeu anteontem pedidos de prisão de seis traficantes de Rio Branco e de renovação por mais 30 dias da prisão temporária de Hildebrando e de outras 27 pessoas do Acre. Elas estão presas em Brasília desde o último dia 25.
As duas principais denúncias apontam Hildebrando e seis supostos cúmplices como responsáveis pelo assassinato, em 1997, de duas testemunhas que iriam depor contra eles em subcomissão criada pelo Ministério da Justiça para investigar as acusações contra o ex-deputado.
Hildebrando está preso desde sua cassação e nega envolvimento em assassinatos.
As três outras denúncias contra Hildebrando envolvem: crime financeiro e sonegação fiscal por movimentação de conta bancária aberta em nome de um empregado dele; crime eleitoral por não fornecer material de propaganda na véspera da eleição de 98; e porte ilegal de armas.
O delegado José Walter Ayala e o policial militar Sebastião Crispim da Silva foram mortos em setembro de 1997 nos dias em que iriam depor em uma subcomissão do CDDPH (Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana).
Esses assassinatos contribuíram para retardar as investigações sobre Hildebrando em cerca de dois anos, segundo procuradores da República responsáveis pelas denúncias.
Os homicídios foram considerados crimes federais por terem ferido legislação do CDDPH que prevê penas a quem atrapalhar investigações do conselho.
Entre os acusados como cúmplices dos assassinatos consta o nome de Alexandre Alves da Silva, o "Nin" , irmão do deputado José Aleksandro da Silva (PFL-AC), que assumiu no último dia 24 a vaga aberta com a cassação de Hildebrando.
Além do irmão do deputado, são acusadas dos assassinatos outras três pessoas que estão presas em Brasília com o ex-deputado.

Em Campinas
A Polícia Federal começa hoje afazer um levantamento dos principais hotéis de luxo de Campinas (99 km de São Paulo) para investigar as denúncias do motorista Jorge Méres Alves à CPI do Narcotráfico.
Ele declarou à comissão que a suposta quadrilha formada pelo empresário campineiro Willian Walder Sozza, o deputado federal Augusto Farias (PPB) e Hildebrando se reunia em hotéis da cidade. A quadrilha seria especializada em roubo de cargas e tráfico de drogas.
Farias nega ter envolvimento com crimes. Sozza é filiado e presidente do PRTB em Campinas, o mesmo partido do ex-presidente Fernando Collor de Mello -de quem Paulo César Farias, irmão de Augusto, foi tesoureiro.
A PF também tenta localizar o local onde a quadrilha, que seria liderada pelo empresário campineiro, supostamente usava para descartar cargas roubadas de remédios, que não podiam ser vendidas por ser amostras grátis.
Segundo o motorista, Campinas seria um dos "braços" da quadrilha. Ele disse à CPI que participou de diversos despejos de cargas em Campinas.
Alves afirmou também que poderia localizar as áreas onde eram despejadas as cargas roubadas.
""A PF deve vasculhar o local para verificar vestígios de remédios", disse o presidente da CPI, deputado Magno Malta (PPB).
O advogado de Sozza, Artur Eugênio Matias, disse ontem que ""as denúncias do motorista são fantasiosas e ele estaria tentando acobertar alguém".


Colaborou Maurício Simionato, da Folha Campinas


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