São Paulo, terça-feira, 15 de outubro de 2002

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SEGUNDO TURNO

Tucano critica resistência de Lula em participar de debates e volta a acenar com o fantasma da crise na Venezuela

Serra liga alta dos juros ao cenário eleitoral

DA REDAÇÃO

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, atribuiu ontem a elevação dos juros pelo Banco Central às incertezas do cenário eleitoral em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura.
Questionado sobre as medidas do BC, respondeu: "Por que o dólar está subindo? A economia brasileira tem bases sólidas. A oscilação do dólar tem motivação internacional. Paralelamente, tem a incerteza sobre qual será a política econômica a partir de janeiro".
E completou: "Uma vez definido o próximo governo, garanto que se eu for eleito a taxa de juros cairá e o dólar cairá também". Ele preferiu, porém, não analisar a eficácia do aumento dos juros: "O BC adotou uma medida forte e deve ter tido suas razões".
Segundo Serra, "a ambiguidade do PT, de acender uma vela para Deus e outra para o Diabo, uma para o PSTU e outra o FMI, configura uma ambiguidade que tem consequências na economia". E voltou a usar a crise na Venezuela: "A Venezuela teve um processo eleitoral em que se prometia um sonho, uma proposta em alguns pontos parecida com a do PT".
Durante boa parte do programa, Serra reiterou a necessidade de debater as propostas dos dois candidatos e criticou a resistência de Luiz Inácio Lula da Silva em comparecer a mais de um debate. Na abertura do programa, o apresentador Paulo Markun disse que Lula também fora convidado para o programa, mas que o convite foi recusado por "motivos de agenda": "O mesmo motivo alegado para restringir a participação de Lula dos debates na TV".
De acordo com Serra, "está havendo um esforço por parte do PT e do Lula de não explicitar suas propostas, há um esforço no sentido de tirar nitidez para poder somar". Ele criticou a afirmação de que sua eleição representaria um terceiro mandato para Fernando Henrique Cardoso: "Estou fazendo uma proposta para o futuro. O Brasil não vai ser governado por balanços. A questão não é ficar debatendo o que já aconteceu".
Ele aproveitou para criticar a política econômica de FHC: "Todos sabem que eu fui crítico da política cambial. Acho que essa política cambial não foi boa para a economia brasileira". Em seguida, destacou suas diferenças: "Se eleito, comparado aos outros, eu sou o candidato que mais vai mudar". Mais adiante, reiterou: "Eu sou o candidato mais à esquerda".
Ele criticou as afirmações de que é o candidato do governo: "Eu tenho o apoio do Fernando Henrique. Tenho o apoio do chefe do governo. Mas o governo não disputa eleição". E acrescentou: "Não estamos fazendo um plebiscito sobre o governo FHC".


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