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JUDICIÁRIO
Presidente de associação de juízes diz que relator não é corregedor
Entidade rejeita inspeção da ONU
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM COSTA DO SAUÍPE
Um dia após a chegada ao Brasil
de Leandro Despouy, relator especial para a Independência de
Juízes e Advogados da ONU, a
Ajufe (Associação dos Juízes Federais) declarou ontem que não
vai aceitar "subordinação" e "inspeção" na magistratura do país.
"A visita não é uma interferência. O que não pode haver é a subordinação, é a inspeção, porque
ele não é corregedor", disse o presidente da Ajufe, Jorge Maurique.
O presidente do Superior Tribunal de Justiça, Edson Vidigal, foi
outro a comentar: "Estou pronto
para recebê-lo, ouvi-lo com consideração, respeito e café novo".
Vidigal e Maurique participam
em Costa do Sauípe (BA) de um
encontro com juízes federais.
Segundo Maurique, há mais de
cem denúncias contra a violação
dos direitos humanos no Brasil na
OEA (Organização dos Estados
Americanos). "A visita dele é importante para seu relatório final."
Para ele, porém, Despouy não pode cometer o "mesmo erro da Asma Jahangir [relatora da ONU para execuções sumárias]", que visitou o Brasil há menos de dois
anos e criticou o Judiciário: "Jahangir não entendeu que o Judiciário brasileiro não é a polícia".
Despouy, que se reuniu ontem
com o ministro Nilmário Miranda (Direitos Humanos), defendeu
o fortalecimento das defensorias
públicas. O argentino se disse ainda preocupado com a possibilidade de o Ministério Público ser impedido de conduzir investigações.
A defensoria é presta serviços de
advocacia a quem não pode pagar
um advogado. Para o relator, a
falta de estrutura das defensorias
dificulta o acesso dos mais pobres
à Justiça. Ao fim da visita de 13
dias, Despouy fará relatório com
recomendações. Além de Brasília,
onde se reunirá ainda com o presidente do Supremo, Nelson Jobim, ele visitará São Paulo, Porto
Alegre e Belém.
(LUIZ FRANCISCO)
Colaborou a Sucursal de Brasília
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