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RIO DE JANEIRO
Chefe de posto clandestino de cadastramento havia concorrido a vereador em Campos pelo PMDB, que disputa 2º turno e governa Estado
Candidata cadastrava para programa estadual
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A CAMPOS (RJ)
O posto clandestino de cadastramento para o Programa Cheque-Cidadão flagrado pelo TRE
(Tribunal Regional Eleitoral) do
Rio de Janeiro em Campos (a 280
km da capital) era chefiado por
uma candidata a vereadora pelo
PMDB e tinha uma lista de supostos fiscais do partido encarregados da anotação dos números dos
títulos eleitorais das pessoas interessadas em receber o benefício.
As informações constam do relatório preparado pela equipe do
Tribunal Regional Eleitoral do
Rio que localizou o posto clandestino. O documento, a que a Folha
teve acesso, foi recebido ontem
pela juíza eleitoral Maria Tereza
Andrade, que o encaminhou ao
Ministério Público.
De acordo com a juíza, os responsáveis poderão ser condenados a até quatro anos de prisão,
conforme o previsto no artigo 299
do Código Eleitoral, que trata de
questões relacionadas à obtenção
de vantagens financeiras e materiais em troca de votos.
"Captar votos é crime", afirmou
a magistrada.
Esquema de trabalho
O posto clandestino funcionava
em uma casa abandonada no número 221 da rua Ramiro Braga, no
bairro Parque Leopoldina, em
Campos. Na varanda do imóvel, a
professora Sylvia Elizabeth Peixoto Alves, da rede de ensino do governo estadual, coordenava uma
equipe que recolhia os títulos eleitorais de candidatos a receber o
benefício.
O cheque vale R$ 100 e é trocado
por comida e material de higiene
em mercados conveniados ao Estado. Apenas em Campos, que é a
terra natal da governadora do Rio
de Janeiro, Rosinha Matheus
(PMDB), e de seu marido, o ex-governador Anthony Garotinho,
o programa atende a cerca de
5.000 pessoas.
Anteontem, o governo estadual
voltou a cadastrar em Campos
para o Cheque-Cidadão.
Sylvia Elizabeth concorreu na
eleição deste ano à Câmara de Vereadores de Campos, sob o nome
de "Professora Sylvia Elizabeth".
Ela fracassou na tentativa. Conseguiu apenas 61 votos e foi a menos
votada do partido no município.
Para disputar a eleição, a professora se licenciou do cargo de diretora da escola José do Patrocínio,
da rede de ensino do Estado, só a
500 m do posto clandestino.
Depois do primeiro turno,
Sylvia Elizabeth reassumiu a direção da escola, mas já conseguiu
nova licença, desta vez sob a justificativa de que está trabalhando
para a candidatura de Geraldo
Pudim (PMDB) à Prefeitura de
Campos, de acordo com o relatório recebido pela juíza eleitoral.
Apoiado pelo casal Garotinho,
Pudim enfrentará no segundo
turno na cidade o candidato Carlos Alberto Campista (PDT).
Tropas do Exército
Ontem, Campista anunciou que
pedirá ao TRE do Rio a designação de tropas do Exército para patrulhar Campos em 31 de outubro, o dia da eleição, e durante a
apuração dos votos.
"Acho agora até mais importante [a presença dos militares] do
que no primeiro turno [quando
pedido idêntico foi negado pelo
TRE]. Garotinho deixou a Secretaria de Segurança e está radicado
em Campos [desde sábado passado], mas tem as forças de segurança estaduais nas mãos. Vivemos em Campos um clima de medo", afirmou o candidato do PDT.
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