São Paulo, sábado, 15 de outubro de 2005

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PT pede cassação de pefelista que acusou Dirceu de sonegar imposto

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Acuado, o PT ontem entrou na guerra das cassações e protocolou ação no Conselho de Ética da Câmara pedindo a perda do mandato de Onyx Lorenzoni (PFL-RS).
A representação é na realidade uma peça de defesa para o ex-ministro e atual deputado federal José Dirceu (PT-SP), acusado pelo pefelista de irregularidades na sua declaração de renda. Lorenzoni, membro da CPI dos Correios, disse que Dirceu recebeu um empréstimo do PT de R$ 14.322,51, que não teria sido declarado.
O partido respondeu no ato, dizendo que o valor não era um empréstimo, mas sim a devolução de adiantamentos pagos a Dirceu quando ele era presidente do partido (1995-2002). A maior parte refere-se a uma passagem aérea comprada para a mulher dele, Maria Rita, para acompanhá-lo a uma viagem partidária à China.
"Aquilo que o representado [Lorenzoni] nomina de empréstimo nada mais é que pagamento de despesas efetivadas no exercício de atividade partidária que, por incluir valores reembolsáveis, obtiveram a contraprestação devida", diz a ação petista.
O pefelista também é acusado de ter repassado os dados bancários de Dirceu à imprensa, o que configuraria quebra de decoro parlamentar. "[Lorenzoni] fez chegar à imprensa, de forma absolutamente precipitada e irresponsável, distorção que não resiste à mais singela verificação."
Caso Dirceu fizesse uma representação individualmente contra Lorenzoni, ela seguiria para a Corregedoria, onde poderia ser arquivada antes de chegar ao conselho, que é a instância que julga casos de quebra de decoro.
Partidos têm a prerrogativa de representar direto ao conselho, o que foi feito ontem pelo PT. O processo contra o pefelista deve ser oficialmente aberto na semana que vem. A partir daquele momento, uma eventual renúncia de Lorenzoni não sustaria sua tramitação. Se for cassado, perde os direitos políticos por oito anos.
Com sete deputados ameaçados de cassação, o PT resolveu partir para o ataque contra um de seus maiores adversários, o PFL. Serão dois pefelistas com processo -o outro é Roberto Brant (MG).
Lorenzoni disse ontem que o PT tenta uma "manobra diversionista". "O PT está no desespero. Eles têm é de explicar o monstruoso esquema de corrupção que montaram, não tentar me intimidar." O pefelista afirmou que não "vazou" a informação à imprensa e que só mencionou os dados numa reunião fechada da CPI.


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