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TRANSPOSIÇÃO
Carros-pipa são opção
Seca atinge 54 cidades que estão fora do projeto
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Distantes do roteiro das obras
de transposição do rio São Francisco, municípios do interior do
Ceará e do Piauí mais uma vez vivem um período de seca, como
todos os anos, e já recebem a ajuda de carros-pipa do governo federal, distribuídos pelo Exército.
Até ontem, estavam validadas
pela Secretaria Nacional de Defesa Civil, órgão vinculado ao Ministério da Integração Nacional, a
situação de emergência em 54 cidades do interior do Nordeste.
Sendo 32 do Ceará e 20 do Piauí.
Entre as cidades que reconhecidamente estão sofrendo com a
falta d'água no Ceará, 20 estão
distantes do projeto de integração
de bacias do São Francisco.
Mesmo com o término da obra,
orçada em R$ 4,5 bilhões, a população desses municípios distantes
deverá continuar a depender do
abastecimento d'água por carros-pipa nas épocas de seca, caso não
seja feita nenhuma outra obra.
Pelo projeto, as águas do rio São
Francisco seguirão por um canal
da cidade de Cabrobó (PE) até o
sudeste do Ceará, de onde serão
despejadas no rio Salgado e, em
seguida, no rio Jaguaribe, até o
açude do Castanhão, o maior do
país, com capacidade para 6,7 bilhões de m3 de água (33 vezes
maior que a represa de Guarapiranga, em São Paulo, por exemplo). Outros canais levarão as
águas do São Francisco até municípios do interior de Pernambuco, da Paraíba e do Rio Grande do
Norte. O Piauí, apesar do histórico de secas, está fora do projeto.
"O povo que precisa de água está longe, a uns 200 km. O projeto,
como está, vai chover no molhado, vai levar água aonde já tem",
disse João Abner Guimarães, professor da UFRN (Universidade
Federal do Rio Grande do Norte).
Defesa
Defensor da obra, Cássio Borges, especialista em recursos hídricos que vive no Ceará, reconhece que a seca irá persistir nas
localidades distantes do projeto.
"Mas é melhor fazer algo por uma
parte do que não fazer nada", disse. "No futuro, com essa garantia
hídrica, será possível criar mecanismos para fazer chegar água aos
locais mais distantes também."
Hildegardo Nunes, diretor de
projetos para as regiões Norte e
Nordeste do Ministério da Integração Nacional, disse que as
áreas não-beneficiadas pelo São
Francisco receberão outros projetos do governo, como o Conviver,
projeto que teve R$ 20 milhões do
ministério. "A intenção é dinamizar o uso da água e diversificar a
produção", disse.
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