São Paulo, sábado, 15 de outubro de 2005

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TRANSPOSIÇÃO

Carros-pipa são opção

Seca atinge 54 cidades que estão fora do projeto

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Distantes do roteiro das obras de transposição do rio São Francisco, municípios do interior do Ceará e do Piauí mais uma vez vivem um período de seca, como todos os anos, e já recebem a ajuda de carros-pipa do governo federal, distribuídos pelo Exército.
Até ontem, estavam validadas pela Secretaria Nacional de Defesa Civil, órgão vinculado ao Ministério da Integração Nacional, a situação de emergência em 54 cidades do interior do Nordeste. Sendo 32 do Ceará e 20 do Piauí.
Entre as cidades que reconhecidamente estão sofrendo com a falta d'água no Ceará, 20 estão distantes do projeto de integração de bacias do São Francisco.
Mesmo com o término da obra, orçada em R$ 4,5 bilhões, a população desses municípios distantes deverá continuar a depender do abastecimento d'água por carros-pipa nas épocas de seca, caso não seja feita nenhuma outra obra.
Pelo projeto, as águas do rio São Francisco seguirão por um canal da cidade de Cabrobó (PE) até o sudeste do Ceará, de onde serão despejadas no rio Salgado e, em seguida, no rio Jaguaribe, até o açude do Castanhão, o maior do país, com capacidade para 6,7 bilhões de m3 de água (33 vezes maior que a represa de Guarapiranga, em São Paulo, por exemplo). Outros canais levarão as águas do São Francisco até municípios do interior de Pernambuco, da Paraíba e do Rio Grande do Norte. O Piauí, apesar do histórico de secas, está fora do projeto.
"O povo que precisa de água está longe, a uns 200 km. O projeto, como está, vai chover no molhado, vai levar água aonde já tem", disse João Abner Guimarães, professor da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).

Defesa
Defensor da obra, Cássio Borges, especialista em recursos hídricos que vive no Ceará, reconhece que a seca irá persistir nas localidades distantes do projeto. "Mas é melhor fazer algo por uma parte do que não fazer nada", disse. "No futuro, com essa garantia hídrica, será possível criar mecanismos para fazer chegar água aos locais mais distantes também."
Hildegardo Nunes, diretor de projetos para as regiões Norte e Nordeste do Ministério da Integração Nacional, disse que as áreas não-beneficiadas pelo São Francisco receberão outros projetos do governo, como o Conviver, projeto que teve R$ 20 milhões do ministério. "A intenção é dinamizar o uso da água e diversificar a produção", disse.


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