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Na 1ª disputa, Bush explorou "solteirice" alheia
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
A exploração da solteirice alheia foi uma alavanca
no início da carreira de
George W. Bush. Ele concorria a seu primeiro cargo
eletivo, o governo do Texas, em 1994. Sua rival era
a governadora democrata
Anne Richards, divorciada
e com quatro filhos, que
tentava a reeleição.
A campanha de Bush espalhou que Richards era
lésbica. Apesar da popularidade de 60%, Richards
foi derrotada. O assessor
do republicano, Karl Rove,
foi chamado de gênio.
Na política texana, Richards era incomum. Com
posições liberais sobre
aborto e gays, foi responsável por reforma econômica no Estado elogiada
até por rivais. Ela morreu
em 2006, aos 73 anos, e jamais respondeu à propaganda republicana.
Rove continuou com ênfase na alcova para vencer
eleições. Plebiscitos contra o casamento gay estimularam o eleitorado conservador a reeleger Bush
em 2004. Ele tentou repetir em 2006, mas os republicanos perderam a eleição parlamentar.
Em outros eleitorados, a
audiência da vida pessoal
dos políticos está em queda. O prefeito de Hamburgo, na Alemanha, Ole Von
Beust, diz que sua vida privada não interessa a eleitores. Seu pai declarou que
o filho é gay. Beust não
desmentiu e ninguém tocou mais no assunto.
Em Montevidéu, sem o
menor barulho, o arquiteto solteiro e sem filhos
Mariano Arana foi prefeito por dez anos.
Nem os tablóides britânicos desvendaram a vida
privada do ex-prefeito de
Londres Ken Livingstone.
Não se sabia nem se era casado. Ele só revelou que
teve três esposas e filhos
com cada uma delas após
deixar a prefeitura, em
maio. O conterrâneo primeiro-ministro Gordon
Brown só se casou aos 50.
O presidente francês Nicolas Sarkozy e sua derrotada adversária Ségolène
Royal se divorciaram de
seus respectivos após a
campanha. Fora o magnetismo de Carla Bruni, os
divórcios renderam mais
interesse às revistas de celebridades que a eleitores.
Já os prefeitos de Paris e
Berlim, Bertrand Delanoë
e Klaus Wowereit, assumiram sua homossexualidade na campanha. Foram
eleitos em 2001 e estão em
seu segundo mandato.
Tempos difíceis para a
escola moralista de Karl
Rove. Que hoje é comentarista na rede de TV Fox
News. Na campanha de
McCain contra Obama, ele
está desempregado.
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