São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PF diz não ter elementos para indiciar envolvidos no dossiê

Para delegado, faltam dados suficientes para fechar o inquérito, como origem do dinheiro

Gabeira, que se reuniu com delegado, disse que a polícia deve concluir que o dinheiro é de caixa dois da campanha do PT ao governo de SP


MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

A Polícia Federal de Cuiabá afirma agora não ter elementos suficientes para indiciar os ex-petistas envolvidos na negociação do dossiê antitucano e vai pedir que a Justiça Federal prorrogue as investigações por pelo menos mais 30 dias.
Tanto o delegado federal Diógenes Curado quanto o procurador da República Mário Lúcio Avelar avaliam que ainda há diversas situações a serem esclarecidas no caso.
O prazo para a conclusão do inquérito sobre a tentativa de venda do dossiê termina no dia 26. As apurações já foram prorrogadas uma vez. Há três semanas, a PF chegou a anunciar que poderia indiciar os envolvidos.
"Ainda não temos elementos suficientes para indiciar [os envolvidos]. Sem saber a origem do dinheiro, não temos como fechar o inquérito", disse Curado ontem, após uma reunião de uma hora e meia com Avelar na sede da PF em Cuiabá. "O caso é um quebra-cabeça", disse Avelar após deixar a PF.
Ao mesmo tempo, o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), sub-relator da CPI dos Sanguessugas, afirmou ontem que a PF deve concluir o inquérito do dossiegate afirmando que o R$ 1,75 milhão é proveniente de caixa dois da campanha do PT ao governo de São Paulo.
"A tendência é a investigação caminhar para a tese do caixa dois de campanha", afirmou Gabeira, que se reuniu anteontem com Curado em Cuiabá.
Segundo o deputado, o delegado teria dado a entender que, aceita a tese do caixa dois, ele considera muito mais factível o dinheiro ter saído da campanha paulista do que da campanha nacional do PT.

Relatório parcial
A PF prendeu no dia 15 de setembro os emissários petistas Valdebran Padilha e Gedimar Passos em um hotel de São Paulo com o R$ 1,75 milhão. Os dois afirmaram à PF desconhecer a origem do dinheiro. A quantia seria usada para pagar Luiz Antonio Vedoin, organizador do dossiê e chefe da máfia dos sanguessugas.
O relatório parcial da PF apontou que a negociação foi comandada por Jorge Lorenzetti -ex-coordenador da área de análise de risco e mídia do comitê da campanha do presidente Lula à Presidência.
Osvaldo Bargas (ex-coordenador de programa de governo da campanha de Lula) e Expedito Veloso (ex-diretor do Banco do Brasil) foram até Cuiabá negociar o dossiê com Vedoin, segundo a Polícia Federal.
Junta-se a eles Hamilton Lacerda, então coordenador de campanha do candidato derrotado ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante. Lacerda foi filmado no hotel com uma mala pouco antes da prisão.
Para o delegado, a PF precisa ainda aprofundar as investigações relacionadas à Vicatur Câmbio e Turismo, cujos proprietários já foram indiciados. De acordo com as apurações, ao menos US$ 109,8 mil saíram da Vicatur, em Nova Iguaçu (RJ).


Colaborou a Sucursal de Brasília

Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: PF quer dados de celular registrado em nome de atriz
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.