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PF diz não ter elementos para indiciar envolvidos no dossiê
Para delegado, faltam dados suficientes para fechar o inquérito, como origem do dinheiro
Gabeira, que se reuniu com delegado, disse que a polícia deve concluir que o dinheiro é de caixa dois da campanha do PT ao governo de SP
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
A Polícia Federal de Cuiabá
afirma agora não ter elementos
suficientes para indiciar os ex-petistas envolvidos na negociação do dossiê antitucano e vai
pedir que a Justiça Federal
prorrogue as investigações por
pelo menos mais 30 dias.
Tanto o delegado federal
Diógenes Curado quanto o procurador da República Mário
Lúcio Avelar avaliam que ainda
há diversas situações a serem
esclarecidas no caso.
O prazo para a conclusão do
inquérito sobre a tentativa de
venda do dossiê termina no dia
26. As apurações já foram prorrogadas uma vez. Há três semanas, a PF chegou a anunciar que
poderia indiciar os envolvidos.
"Ainda não temos elementos
suficientes para indiciar [os envolvidos]. Sem saber a origem
do dinheiro, não temos como
fechar o inquérito", disse Curado ontem, após uma reunião de
uma hora e meia com Avelar na
sede da PF em Cuiabá. "O caso
é um quebra-cabeça", disse
Avelar após deixar a PF.
Ao mesmo tempo, o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ),
sub-relator da CPI dos Sanguessugas, afirmou ontem que
a PF deve concluir o inquérito
do dossiegate afirmando que o
R$ 1,75 milhão é proveniente
de caixa dois da campanha do
PT ao governo de São Paulo.
"A tendência é a investigação
caminhar para a tese do caixa
dois de campanha", afirmou
Gabeira, que se reuniu anteontem com Curado em Cuiabá.
Segundo o deputado, o delegado teria dado a entender que,
aceita a tese do caixa dois, ele
considera muito mais factível o
dinheiro ter saído da campanha
paulista do que da campanha
nacional do PT.
Relatório parcial
A PF prendeu no dia 15 de setembro os emissários petistas
Valdebran Padilha e Gedimar
Passos em um hotel de São
Paulo com o R$ 1,75 milhão. Os
dois afirmaram à PF desconhecer a origem do dinheiro. A
quantia seria usada para pagar
Luiz Antonio Vedoin, organizador do dossiê e chefe da máfia
dos sanguessugas.
O relatório parcial da PF
apontou que a negociação foi
comandada por Jorge Lorenzetti -ex-coordenador da área
de análise de risco e mídia do
comitê da campanha do presidente Lula à Presidência.
Osvaldo Bargas (ex-coordenador de programa de governo
da campanha de Lula) e Expedito Veloso (ex-diretor do Banco do Brasil) foram até Cuiabá
negociar o dossiê com Vedoin,
segundo a Polícia Federal.
Junta-se a eles Hamilton Lacerda, então coordenador de
campanha do candidato derrotado ao governo de São Paulo,
Aloizio Mercadante. Lacerda
foi filmado no hotel com uma
mala pouco antes da prisão.
Para o delegado, a PF precisa
ainda aprofundar as investigações relacionadas à Vicatur
Câmbio e Turismo, cujos proprietários já foram indiciados.
De acordo com as apurações, ao
menos US$ 109,8 mil saíram da
Vicatur, em Nova Iguaçu (RJ).
Colaborou a Sucursal de Brasília
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