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Microscópio impulsionou descobertas
especial para a Folha
Algumas das mais importantes
descobertas científicas da humanidade foram feitas com instrumentos parecidos com o microscópio
que o leitor da Folha receberá de
presente ao completar a cartela da
promoção da "Enciclopédia Multimídia dos Seres Vivos".
O microscópio que o leitor receberá ao levar a cartela preenchida
aos postos de troca (leia texto acima) tem um conjunto de duas lentes, típico dos chamados "microscópios compostos".
Esses microscópios ganharam a
tecnologia básica de hoje a partir
do começo do século 19. Mas mesmo no século anterior já havia microscópios com formas semelhantes. No século 17 descobertas importantes foram feitas com este tipo de aparelho. "Noventa por cento das descobertas em citologia, o
estudo das células, foi feito com
microscópios rudimentares", diz o
biólogo Nelio Bizzo, especialista
em ensino de biologia na Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo).
"O microscópio é uma ferramenta indispensável para quem estuda
biologia", afirma Bizzo. "Deveria
haver uma lei federal proibindo escolas de comprar computadores se
não tiverem um microscópio." Para o professor da USP, "quem vê
uma foto de vírus, de bactérias, e
que nunca manipulou um microscópio, não tem condição de entender como a foto foi feita".
O microscópio teve para a biologia o mesmo impacto que seu parente para ver mais longe, o telescópio, teve na astronomia. Graças
ao telescópio foi possível enxergar
novos planetas e novas luas girando em torno deles, e confirmar a
hipótese de que a Terra não era o
centro do universo, mas sim apenas mais um corpo celeste que girava em torno do Sol.
Graças aos microscópios foi possível descobrir todo um novo
mundo desconhecido da ciência:
aquele dos seres vivos de dimensões muito pequenas, microscópicas, os chamados micróbios.
Um dos mais notáveis pioneiros
foi o holandês Antonie van Leeuwenhoek (1632-1723), o primeiro
pesquisador a observar micróbios
como bactérias e protozoários.
Ele batizou esses seres de "animálculos", pequenos animais que
pôde observar na água ou no interior do próprio corpo humano.
Nem todos podem hoje ser chamados de "animais", mas com seus
esforços Leeuwenhoek abriu toda
uma área de pesquisa científica.
Leeuwenhoek usava um microscópio de um modelo bem simples,
que se constituía basicamente de
duas placas de latão entre as quais
havia apenas uma lente, com um
parafuso ajustável para manter o
espécime sendo observado.
Apesar da simplicidade do microscópio, ele conseguiu enxergar
as bactérias, pela primeira vez em
1676, com um instrumento que tinha uma ampliação de no máximo
280 vezes.
Tanto telescópios como microscópios surgiram no momento em
que se criaram as bases da ciência
moderna, a chamada Revolução
Científica. Eles foram tanto causa
como efeito dessa revolução.
O italiano Marcello Malpighi
(1628-1694) fundou a disciplina da
anatomia microscópica com seus
estudos detalhados do corpo humano sob as lentes de um microscópio. A ele se deve uma das descobertas mais fundamentais da ciência: a descrição, em 1661, dos vasos
capilares da circulação sanguínea.
O holandês Jan Swammerdam
(1637-1680) foi o primeiro a observar e descrever os glóbulos vermelhos do sangue, e seu uso do microscópio foi fundamental para fazer estudos clássicos dos insetos
que influenciam a ciência até hoje.
O inglês Robert Hooke (1635-1703) descobriu os princípios físicos da elasticidade, mas também
produziu um livro fundamental
sobre o novo mundo observável
por esses instrumentos: "Micrographia", de 1665, inclui sofisticados desenhos de plantas e animais
vistos ao microscópio, além do desenho de um moderno aparelho já
composto de duas lentes, e que
muito se parece com os de hoje
(faltaria basicamente uma fonte de
luz para iluminar o espécie, seja
por um espelho ou por uma luzinha própria).
Hooke observou a estrutura da
cortiça ao microscópio, e cunhou o
termo "célula" para designar as cavidades que observou, e que constituem a unidade básica da estrutura dos seres vivos. Não é por nada que os cartunistas e ilustradores
costumam associar um microscópio à ciência quando fazem uma
caricatura ou um logotipo.
Em 1830, o inglês Joseph Jackson
Lister produziu um trabalho teórico sobre o projeto das objetivas
dos microscópios que serviu de
base para o notável aperfeiçoamento do instrumento no século
19. E foi no século passado que o
microscópio óptico serviu como
ferramenta essencial para grandes
avanços da ciência.
Lister era pai de sir Joseph Lister
(1827-1912), que introduziu a assepsia na medicina em resposta
para as contaminações por micróbios. Essa foi a grande descoberta
do francês Louis Pasteur (1822-1895): que os microrganismos podem causar doenças. O microscópio facilitou ao alemão Robert
Koch (1843-1910) identificar alguns desses agentes, como os causadores da tuberculose e do cólera.
O brasileiro Carlos Chagas
(1879-1934) descobriu a causa da
doença que leva seu nome também
com a ajuda de um microscópio,
um protozoário (animal unicelular), o Trypanosoma cruzi.
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