LUCIO VAZ
RAQUEL ULHÔA

SUCURSAL DE BRASÍLIA
A cúpula do PTB afirmou ao presidente Fernando Henrique Cardoso, em jantar realizado anteontem, que o partido vai apoiar o seu governo até o último dia do seu mandato, mas manterá o apoio à candidatura de Ciro Gomes (PPS) à Presidência.
Durante as quase três horas em que se manteve na companhia dos petebistas, FHC fez desabafos sobre o exercício do poder. Um deles: ""Não é fácil ser democrata no Brasil. A cultura tradicional brasileira pede sempre um caudilho. Pede sempre aquele que dá murro na mesa".
No discurso para deputados e senadores do PTB, além de ministros convidados, o presidente disse estar satisfeito com o apoio que tem recebido do PTB, apesar do futuro incerto. E deixou uma porta aberta ao entendimento.
""Temos coesão. Não importa os caminhos eleitorais que venhamos a percorrer. Sabe Deus quais serão. Ninguém sabe. Falta tempo. (...) O PTB terá o candidato que quiser. E será sempre um aliado meu. Porque estamos juntos nesse ideal de Brasil", disse.
O líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson (RJ), procurou barrar comentários sobre uma possível mudança de posição do partido. ""Por que não poderíamos recebê-lo só porque seguiremos caminhos eleitorais diferentes? Seremos base do governo até o último dia", disse.
Em seguida, fez uma brincadeira para agradar a FHC: ""O Ciro só terá com que se preocupar se o presidente for candidato".
O presidente nacional do PTB, deputado José Carlos Martinez (PR), reafirmou o apoio a Ciro após o jantar, mas disse que esse tipo de reunião serve para desarmar espíritos e abre caminhos para ""negociações", referindo-se à relação de FHC com o Congresso.
Disse ainda que o PTB não tem cobrado pelo seu apoio. ""O partido não tem um único cargo federal, mas não deixa de votar com o governo quando necessário."
FHC procurou ser simpático, lembrando que o seu pai foi deputado federal pelo PTB e que dois parentes seus foram do gabinete de Getúlio Vargas.
""Procuro simplesmente ser um ser humano", afirmou.





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