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Banqueiro revela como é sua vida na Itália
DA REPORTAGEM LOCAL
Salvatore Cacciola perdeu seu
helicóptero porque não pagou as
prestações. Deve oito meses de
condomínio da cobertura em que
vivia na Barra da Tijuca, no Rio.
Acha que será executado e perderá o apartamento. Diz levar uma
vida simples, apesar dos US$ 4
milhões em caixa: "A casa que
aluguei em Roma é mais barata
que o condomínio da Barra."
Folha - Por que um livro?
Salvatore Cacciola - Fiquei numa
situação angustiante porque não
podia fazer nada, já que, com o
pedido de extradição, poderia ter
que voltar ao Brasil a qualquer
momento. Não podia fazer nada.
Trabalho desde os 12 anos. Estava
enlouquecendo aqui, só cuidando
da casa e dos empregados. Um
amigo me disse: faz um livro.
Folha - Quanto recebeu pelo livro?
Cacciola - Meu contrato com a
editora foi excelente. Briguei o
máximo para ter um bom contrato. Mas minha parte será doada a
instituições de caridade que vou
informando por escrito à editora.
Não vou ficar com um centavo.
Folha - De que o sr. vive?
Cacciola - Desde 13 de agosto,
quando a Itália negou a extradição, comecei a trabalhar. Não é
aquilo que gostaria de fazer, mas
na Itália o mercado financeiro é
50 mil vezes mais complicado que
no Brasil. Nunca poderia pensar
em trabalhar no mercado na Itália. Estou com uma atividade que
não vou dizer porque quero preservar minha vida privada. Acho
que em poucos meses consigo me
sustentar com meu trabalho.
Folha - O sr. pensa em voltar?
Cacciola - Não tenho dúvidas de
que quero voltar e enfrentar meu
julgamento no Brasil. Acontece
que enfrentar meu julgamento
com esta Justiça do Rio é loucura.
Folha - O sr. doou R$ 50 mil à campanha de FHC em 98. Faria isso em
favor de alguém em 2002?
Cacciola - Fiz isso porque achava
que tínhamos pela primeira vez
um presidente estadista. No segundo mandato dele, me arrependi. Foi um desastre em todos
os sentidos. Nunca se viu tanta
corrupção, tanto escândalo.
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