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"MENSALÃO"/ESTATAIS
Ex-funcionário da Beta faz denúncia na CPI; companhia de transporte de cargas nega
Empresa é acusada de dar propina aos Correios
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ex-funcionário do grupo Beta,
de transporte aéreo de cargas,
Lincoln Frade disse ontem à CPI
dos Correios que a empresa teria
pago propina, entre 2000 e 2002, a
diretores da estatal para obter
vantagens no contrato da RPN
(Rede Postal Noturna). Ele disse
ter ouvido essa informação de um
dos diretores da Beta.
Relatório da CPI apontou fraudes nas licitações para a exploração da RPN desde 2000, devido a
um suposto "conluio" entre a
Skymaster e a Beta. O esquema teria causado prejuízo de R$ 64 milhões aos Correios em superfaturamento. A Skymaster possui
contrato com a estatal até hoje e
nega as irregularidades.
Frade disse ontem que levou
US$ 20 mil para Brasília, em uma
mala, a pedido do então presidente da Beta Antônio Augusto Morato, e teria entregue o dinheiro
para Roberto Kfouri, diretor da
empresa, em um hotel da cidade.
"Eu reclamei de carregar tanto
dinheiro porque poderia dar problema para mim. Ele [Kfouri] disse para eu não me preocupar que
isso já estava acontecendo há algum tempo e era para conseguir
algumas vantagens", disse Frade.
"Depois ele [Kfouri] me disse que
o dinheiro era para entregar a diretores dos Correios. Eu entendi
que era para o Carlos Lima Sena",
acrescentou o ex-funcionário.
Carlos Augusto Lima Sena foi diretor de operações dos Correios
entre 1997 e 2003.
Frade começou a trabalhar no
grupo em 1994 como segurança
de Morato, foi promovido a supervisor da área de segurança e
depois a gerente de operações. Foi
demitido em dezembro de 2002,
num alegado corte de despesa.
O segurança disse que comprou
presentes para Lima Sena, a pedido do ex-presidente da Beta.
"Comprei dois aquecedores para
o senhor Lima Sena, foi até com o
meu cartão de crédito, em torno
de R$ 600", disse. A secretária de
Morato, Regiane Pimentel, que
prestou depoimento ontem, disse
que fazia ligações de seu chefe para o então diretor da estatal.
Lima Sena negou as acusações.
"Desde o início do processo esse
pessoal das empresas está tentando me envolver. Eu recebia o
Kfouri por dever funcional, mas
ele nunca fez menção a dinheiro."
As assessorias de imprensa da
Beta e da Skymaster negaram o
pagamento de propina.
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