São Paulo, quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

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"MENSALÃO"/ESTATAIS

Ex-funcionário da Beta faz denúncia na CPI; companhia de transporte de cargas nega

Empresa é acusada de dar propina aos Correios

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ex-funcionário do grupo Beta, de transporte aéreo de cargas, Lincoln Frade disse ontem à CPI dos Correios que a empresa teria pago propina, entre 2000 e 2002, a diretores da estatal para obter vantagens no contrato da RPN (Rede Postal Noturna). Ele disse ter ouvido essa informação de um dos diretores da Beta.
Relatório da CPI apontou fraudes nas licitações para a exploração da RPN desde 2000, devido a um suposto "conluio" entre a Skymaster e a Beta. O esquema teria causado prejuízo de R$ 64 milhões aos Correios em superfaturamento. A Skymaster possui contrato com a estatal até hoje e nega as irregularidades.
Frade disse ontem que levou US$ 20 mil para Brasília, em uma mala, a pedido do então presidente da Beta Antônio Augusto Morato, e teria entregue o dinheiro para Roberto Kfouri, diretor da empresa, em um hotel da cidade.
"Eu reclamei de carregar tanto dinheiro porque poderia dar problema para mim. Ele [Kfouri] disse para eu não me preocupar que isso já estava acontecendo há algum tempo e era para conseguir algumas vantagens", disse Frade. "Depois ele [Kfouri] me disse que o dinheiro era para entregar a diretores dos Correios. Eu entendi que era para o Carlos Lima Sena", acrescentou o ex-funcionário. Carlos Augusto Lima Sena foi diretor de operações dos Correios entre 1997 e 2003.
Frade começou a trabalhar no grupo em 1994 como segurança de Morato, foi promovido a supervisor da área de segurança e depois a gerente de operações. Foi demitido em dezembro de 2002, num alegado corte de despesa.
O segurança disse que comprou presentes para Lima Sena, a pedido do ex-presidente da Beta. "Comprei dois aquecedores para o senhor Lima Sena, foi até com o meu cartão de crédito, em torno de R$ 600", disse. A secretária de Morato, Regiane Pimentel, que prestou depoimento ontem, disse que fazia ligações de seu chefe para o então diretor da estatal.
Lima Sena negou as acusações. "Desde o início do processo esse pessoal das empresas está tentando me envolver. Eu recebia o Kfouri por dever funcional, mas ele nunca fez menção a dinheiro."
As assessorias de imprensa da Beta e da Skymaster negaram o pagamento de propina.


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