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Plano de Igreja Universal gera disputa judicial com ex-bispos
DA SUCURSAL DO RIO
A estratégia da Igreja Universal do Reino de Deus de colocar
empresas em nome de religiosos já resultou em duas disputas judiciais com ex-bispos:
uma em Santa Catarina e outra
no Rio de Janeiro.
O ex-bispo Marcelo Nascente Pires acusa Edir Macedo de
fraudar uma procuração para
lhe tirar as ações das TVs Itajaí
e Xanxerê, ambas de Santa Catarina. As emissoras fazem parte da Rede Record.
O senador Marcelo Crivella
(PRB-RJ) foi condenado pela
Justiça do Rio a pagar R$ 1,5
milhão ao ex-bispo Paulo Roberto Gomes da Conceição, referente a ações da TV Cabrália,
de Itabuna (BA). Os dois foram
sócios na emissora. Ele rompeu
com a igreja e cobrou o pagamento das ações. Crivella tem
15 dias, a contar da última quinta, para pagar a dívida.
Pires
O ex-bispo Marcelo Pires
também era do grupo de confiança de Edir Macedo. Além
das duas emissoras de TV, foi
acionista da Colonial Administração de Imóveis (imobiliária),
Unimetro Empreendimentos
(loteamento e incorporação de
imóveis), Fênix Comunicações
e Line Records. Ainda é acionista desta última.
Como os demais bispos, Pires
comprou as ações financiado
por empréstimos da Iurd. No
caso dele, o financiamento foi
pela Cremo Empreendimentos, de São Paulo, também registrada em nome de bispos. De
um lado, ele devia à igreja, e do
outro, assinou procurações,
com datas em branco, autorizando a venda das empresas
-uma delas era para Macedo.
Na estratégia da Iurd, segundo ex-acionistas, quando as
empresas passam de um bispo
para outro, a venda é feita pelo
valor da dívida, e o comprador
herda o empréstimo. Ao romper com a igreja, o acerto entre
a Iurd e Pires ruiu.
A Cremo Empreendimentos
entrou com ação contra ele na
Justiça de São Paulo, em outubro de 2001, cobrando o pagamento dos empréstimos que
ele assinara. O valor cobrado é
de R$ 1,7 milhão.
O ex-bispo, por seu turno,
alegou que a procuração que
havia dado a Macedo, em setembro de 1996, teria sido fraudada, porque dava poderes para
vender uma empresa, e foram
vendidas três: as duas TVs e a
Rede Fênix de Comunicação.
Ato falho
Um ato falho dos advogados
revelou que a Iurd está por trás
da Cremo. Em fevereiro deste
ano, a advogada Tatiana Tiburcio, da igreja, anexou um documento ao processo judicial, em
São Paulo, onde a autora é a
Iurd e não a Cremo.
Em janeiro de 2002, as cotas
da TV Itajaí foram transferidas
para o bispo Honorilton Gonçalves, vice-presidente da TV
Record. O processo da TV Xanxerê se arrastou até novembro
de 2002, quando as ações foram também transferidas a
Gonçalves, por R$ 91 mil.
Pouco antes de a venda ter sido registrada na Junta Comercial, Pires ofereceu as ações da
TV Xanxerê à penhora para pagamento da dívida cobrada pela
Cremo. A Junta Comercial de
Santa Catarina, em junho deste
ano, suspendeu a transferência
das ações, até que haja uma decisão final da Justiça sobre o caso. Até lá, o ex-bispo volta a ser
sócio da emissora.
(ELVIRA LOBATO)
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