|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Tarso estuda fixar mandato de 2 anos para diretor da polícia
Ministro da Justiça analisa incluir medida no projeto de lei orgânica da Polícia Federal, que será encaminhado, mês que vem, à pasta do Planejamento
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Justiça estuda a fixação de mandato para
diretor-geral da Polícia Federal. Hoje sob a avaliação do ministro Tarso Genro, a medida
blindaria a direção da PF de
eventual pressão política ao
prever um mandato de dois
anos, prorrogável por mais
dois, para seu ocupante.
Pela proposta, a função só
poderia ser exercida por delegados da ativa. Hoje, não existe
essa exigência e o diretor-geral
é exonerado pelo ministro.
Tarso confirmou que estuda
a inclusão da medida no projeto
de lei orgânica da PF, que encaminhará, mês que vem, ao Ministério do Planejamento. Destinada ao desenho da estrutura
da PF, a proposta dependerá de
aprovação do Congresso.
Defensora da proposta, a
ADPF (Associação Nacional
dos Delegados) concordou com
descrição de casos em que seria
permitida a demissão, mas pelo
presidente da República.
O Ministério negocia hoje
com representantes das categorias. Mas, segundo Tarso, nenhuma reivindicação será integralmente acolhida. "Não será a
proposta nem da direção-geral,
nem dos agentes, nem dos delegados. Vai ser uma proposta do
Ministério da Justiça".
Tarso descartou a criação de
carreira única da PF, reivindicada pela Fenapef (Federação
Nacional dos Policiais Federais), por depender de aprovação de emenda constitucional.
Hoje, existe concurso exclusivo
para delegado. Mas os agentes
federais defendem a adoção de
um sistema de promoção interna para que cheguem ao comando da instituição.
Segundo eles, policiais experientes não podem ser subordinados a delegados recém-contratados por concurso público.
Numa demonstração do
quanto o tema é polêmico, o
presidente da Fenapef, Marcos
Vinício de Souza Wink, questiona o papel conferido aos delegados, aos quais chama de
"concurseiros".
"Um delegado ganha 18 mil
mensais e o trabalho dele é ficar
interrogando as pessoas, comandando à distância e dando
entrevista", criticou.
Encarregado da negociação
em nome da ADPF, o delegado
Márcio Leôncio de Souza, rebate: "A PF é uma instituição dirigida por delegados. Isso é uma
cristalino".
Apesar da disputa interna,
Tarso nega que exista "dissenso". Só "discussão democrática". Ele também minimiza rumores de que deixaria o cargo.
"É uma questão que não me
preocupa. Isso aí, na verdade,
deve ser algum tipo de reação
que vem dos porões dos investigados. Não falo das direções
formais dos partidos. Mas pelo
fato de que hoje existe a maior
investida contra a corrupção da
história da PF, e isso gera nas
regiões dissensos e fofocas."
Texto Anterior: FBI ajudará Brasil a abrir arquivos de Dantas Próximo Texto: Congresso fecha ano com pauta polêmica Índice
|