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OPERAÇÃO ANACONDA
2 depuseram
Acusadora vê armação nos depoimentos
DA REPORTAGEM LOCAL
A procuradora Janice Ascari,
do Ministério Público Federal em
São Paulo, disse ontem que acredita que os acusados da prática de
crimes pela Operação Anaconda
estejam combinando entre si seus
depoimentos à Justiça.
Com exceção de Norma Regina
Emílio Cunha, que está presa em
Brasília, e dos juízes Ali e Cassem
Mazloum, que não foram presos,
todos os outros acusados estão
detidos na carceragem da Polícia
Federal em São Paulo.
"Todos dão negativas gerais para todas as perguntas, negam a
prática de crimes e a existência de
quadrilha", declarou Ascari.
Segundo ela, isso ocorre porque
não existe o crime de perjúrio no
Brasil. Com isso, o réu pode omitir a verdade e até mentir. "Os depoimentos dos acusados não
acrescentam nada aos processos",
disse a procuradora, que também
afirmou que "nada do que foi dito
pode pôr abaixo as provas que estão nos autos".
Depoimentos
Prestaram depoimento ontem à
desembargadora federal Therezinha Cazerta, do TRF (Tribunal
Regional Federal) da 3ª Região
(em São Paulo), o delegado federal aposentado Jorge Luiz Bezerra
da Silva e o empresário Sérgio
Chiamarelli Júnior.
O advogado Wilson Rogério
Martins, que representa Bezerra
da Silva, afirmou que seu cliente
"não é quadrilheiro", que ele é
inocente, que está sendo "perseguido" por inimigos na Polícia
Federal e que "toda a prova [apresentada pela acusação] é ilícita".
Segundo ele, Bezerra da Silva
tem inimigos na PF "por ser um
homem independente". Ele declarou que, desde que se aposentou, o delegado atua como advogado e que defende vítimas de extorsões. "Meu cliente falou a verdade diante de uma ação penal
construída em cima da mentira."
Já o advogado Ronaldo Souza
Júnior, que representa Chiamarelli Júnior, negou que seu cliente
tenha pago US$ 100 mil por uma
sentença do juiz federal João Carlos da Rocha Mattos. Disse que ele
não tem nenhuma relação pessoal
com o juiz e afirmou que seu
cliente desconhece a existência de
quadrilha. Confirmou apenas que
agente César Herman Rodriguez
foi advogado de Chiamarelli Júnior quando estava afastado da
Polícia Federal.
Souza Júnior disse que seu
cliente negou que estivesse ao lado do delegado José Augusto Bellini quando ele travou uma conversa grampeada pela Polícia Federal com o juiz Rocha Mattos.
Na conversa, o delegado diz que
"o Serginho [Chiamarelli Júnior]
está mandando um beijo" e o juiz
pergunta se ele gostou da decisão
que o inocentou. O delegado responde: "Sim, por isso mesmo, tá
te mandando um beijo."
A sentença que inocentou Chiamarelli Júnior foi proferida em 7
de maio de 2003 e o diálogo do
beijo ocorreu, segundo a Polícia
Federal, cinco dias depois.
(ROBERTO COSSO)
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