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PF investiga propina aos "Amigos do Arruda"
Segundo ex-secretário do governador, 10% do dinheiro recolhido pelo mensalão do DEM era usado para pagar contas da entidade
Organização foi criada em 2007 por Fábio Simão -que foi chefe de gabinete de Arruda- para colaborar
nas ações governamentais
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal investiga se
10% do valor da propina arrecadada pelo esquema do mensalão do DEM eram canalizados
para a Associação Brasiliense
dos Amigos do Arruda, no Distrito Federal. A entidade teve
os sigilos bancário e fiscal quebrados na investigação.
A Folha obteve no cartório
documentos de reuniões e o estatuto da entidade criada em 3
janeiro de 2007, logo após a
posse do governador José Roberto Arruda (ex-DEM, hoje
sem partido). A associação tinha entre seus objetivos fazer
"eventos recreativos, sociais e
filantrópicos para atender aos
interesses de seus associados".
Seu estatuto dizia que ela iria
colaborar nas "ações governamentais, podendo, para tanto,
receber contribuições e doações" de pessoas e empresas.
Segundo Durval Barbosa, ex-secretário do governo Arruda
que revelou o esquema de arrecadação e distribuição no Distrito Federal, os cofres da Amigos de Arruda eram abastecidos com dinheiro de propina.
Por ordem de Arruda, segundo Barbosa, 10% das propinas
recebidas eram reservadas para pagar contas de água, luz e
telefone da entidade. A associação é presidida por Fábio Simão, chefe de gabinete do governador até o esquema ser
descoberto. A PF apreendeu no
gabinete de Simão recursos
que, segundo a polícia, vieram
de empresas que pagavam propina para o mensalão do DEM.
Simão e mais 11 pessoas fundaram a Amigos de Arruda, em
janeiro de 2007, numa reunião
no prédio onde funcionava o
escritório político do governador no centro de Brasília.
Não há no cartório registro
de quantas pessoas ou empresas se associaram à entidade
nos dois anos de sua existência.
A lista de fundadores inclui,
além de Simão, outros funcionários do governo do Distrito
Federal e Sandra Madeira, líder do movimento "Fica Arruda", contrário ao impeachment
do governador.
Oito meses após a associação
ser criada, Sandra foi promovida a diretora financeira. No novo cargo, passou a movimentar
a conta da Amigos de Arruda.
Procurada ontem para falar
sobre suposto recebimento de
propina, ela disse que não poderia atender a reportagem
porque estava dando aula.
"Eu vivo disso", afirmou, sem
dar detalhes da entidade da
qual dirige as contas. Disse
apenas que a Amigos de Arruda
"está em recesso e volta dia 1º
de fevereiro, quando estaremos reabrindo os trabalhos".
No cartório e na Receita,
consta que a sede da associação
fica no centro de Brasília na sala onde funcionava o escritório
político de Arruda na campanha. Ontem, o porteiro disse
que nem associação nem escritório continuam no prédio.
Procurada, a assessoria do
governador disse que o local foi
"usado como escritório politico
nas eleições" e era bancado
"por amigos de Arruda". A Folha não localizou nenhum outro diretor da associação. A assessoria de Arruda disse não ter
os telefones de Fábio Simão.
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