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BAHIAGATE
Em entrevista à revista "Veja", ex-amiga afirma que senador baiano a perseguiu após fim de relacionamento amoroso
Advogada diz que ACM é responsável por grampos
DA REPORTAGEM LOCAL
A ex-amiga de Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA), a advogada
baiana Adriana Barreto, 30, acusou o senador de ser o responsável pelos grampos em seu telefone
e em linhas de pessoas ligadas a
ela. Em entrevista à revista "Veja",
Adriana diz ter mantido "um romance de alguns anos com o senador" e que, após o rompimento, teria sofrido "todo o tipo de
perseguição e intimidação".
Adriana, o seu atual marido, o
advogado Plácido Faria, os familiares e amigos dele, além de desafetos políticos de ACM, tiveram
seus telefones grampeados ilegalmente, a pedido do governo da
Bahia, entre 2001 e 2002.
Plácido Faria disse à revista que,
após iniciar o relacionamento
com Adriana, no final de 2001,
ACM transformou a vida dos dois
em um "inferno". "Confesso que
cheguei a pensar em fazer uma
besteira", afirmou o advogado.
De acordo com a revista "Época", ACM teria avisado Adriana
que iria mandar grampear os telefones do marido dela. A advogada
teria afirmado: "Ele [ACM" me
disse que ia grampear e que isso
seria para o meu próprio bem".
O pai de Plácido, César Faria, a
ex-mulher do advogado, Márcia
Reis, e seu ex-sócio, Manoel Cerqueira, também foram grampeados. Além deles, os deputados federais Geddel Vieira Lima
(PMDB-BA) e Nelson Pellegrino
(PT-BA) e o ex-deputado federal
Benito Gama (PMDB-BA) também tiveram instaladas em suas
linhas de telefone escutas ilegais.
Perseguição
Adriana contou detalhes da suposta perseguição de ACM contra
ela e seu marido. Um carro da Polícia Militar da Bahia chegou a ficar parado na porteira da fazenda
de Plácido, no interior do Estado,
quando a advogada foi passar um
feriado, no ano passado, no local.
Os dois contaram também que
foram filmados e fotografados a
mando de ACM quando frequentavam lugares públicos, como restaurantes e shoppings de Salvador. Uma empregada de Adriana
teria dado informações para o senador sobre a rotina do casal em
troca de dinheiro. Clientes de Plácido teriam deixado seu escritório
por estarem sendo intimidados.
Na semana passada, uma lista
levada ao ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, pelo presidente do Tribunal de Justiça da
Bahia, Carlos Alberto Cintra,
mostrou que 232 telefones foram
grampeados ilegalmente a pedido
de autoridades baianas.
Os grampos começaram com
um pedido à Justiça da delegada
Angela Sá Labanca, entre outubro
e novembro de 2001, de quebra de
sigilo telefônico de 86 pessoas que
estariam envolvidas na investigação de uma quadrilha de sequestradores baianos.
Em entrevista à Folha na semana passada, o senador negou o envolvimento com os grampos telefônicos. "Não estou envolvido
nesse assunto e não tenho mais
nada o que dizer além do que já
disse. Agora, aguardo, com ansiedade, as investigações policiais,
tanto da Polícia Federal quanto
do Estado, para demonstrar que
têm muitos levianos que deveriam estar realmente fora da política, à medida que, sem provas,
acusam pessoas que nada têm
com o assunto". Ontem, o senador baiano não foi localizado.
Durante a entrevista, o senador
chegou a afirmar que acredita que
Adriana é uma pessoa "correta".
O presidente do PT, José Genoino, afirmou ontem, em Campinas, que o caso dos grampos telefônicos é "grave" e que confia nas
apurações da Justiça Federal e do
Ministério Público sobre o fato.
Ele não descartou a necessidade
de realizar uma CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito).
Colaborou a Folha Campinas
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