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Líderes atacam proposta para plebiscitos
Documento do governo, que dá à população poder para propor convocação de consultas, é criticada por comandantes partidários
Instituição de "recall" divide congressistas consultados pela Folha; os que são a favor querem que medida se estenda ao Executivo
FELIPE SELIGMAN
VINICIUS ABBATE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Palácio do Planalto deve
encontrar resistência no Legislativo para aprovar a proposta
de reforma política que será encaminhada ao Congresso Nacional no final do mês.
A Folha entrevistou 19 líderes -12 na Câmara e 7 no Senado- e constatou que são dois
os principais pontos de resistência: a criação do "recall",
consulta feita à sociedade para
saber se o parlamentar deve
continuar no cargo, e a quebra
da exclusividade do Congresso
na iniciativa de convocação de
plebiscitos e referendos.
Conforme a Folha revelou
ontem, a proposta do governo
prevê que a população também
possa propor a convocação
dessas consultas, por meio de
projetos de iniciativa popular.
Dos líderes entrevistados, a
grande maioria é contrária à
perda da exclusividade do Legislativo para convocar plebiscitos e referendos. Ao todo, 16
são contra, e dois, a favor. O
único líder consultado que preferiu não opinar foi o senador
Epitácio Cafeteira (PTB -MA).
Entre aqueles que se manifestaram contrários estão o líder do PT na Câmara, Luiz Sérgio (RJ), e o líder interino do
governo na Casa, Beto Albuquerque (PSB -RS). "Isso não
seria uma reforma política,
mas institucional. Não impede,
entretanto, que o tema seja discutido", diz Albuquerque.
Outro contrário é o senador
Arthur Virgílio (AM), líder do
PSDB. "Essa proposta é inaceitável. É uma prerrogativa do
Legislativo. O que lembrar
Chávez ou Evo Morales não vai
passar nessa Casa."
O líder do PP no Senado,
Francisco Dornelles (RJ) diz
que a medida poderia beneficiar o Executivo de acordo com
o cenário nacional. "Vamos supor que a economia vá muito
bem e se crie um plebiscito para prorrogar o mandato do presidente: com certeza seria
prorrogado", afirmou.
Os dois congressistas favoráveis são Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, e Renildo Calheiros (PE), líder do PC do B na Câmara.
Quanto ao "recall", 11 parlamentares são contra, e sete se
mostraram favoráveis. Seis deles, entretanto, aceitam o "recall" apenas se valer também
para membros do Executivo.
O líder petista na Câmara,
Luiz Sérgio, também é contra
esse ponto da reforma. "O "recall" já existe a cada quatro
anos, pela eleição, quando a população vota. Se o instrumento
funcionasse durante o mandato levaria a uma instabilidade."
Para o senador José Agripino
(RN), líder do PFL, " a sociedade muitas vezes não está devidamente informada para decidir sobre o mandato de um parlamentar. O que tem que acontecer é estabelecer o voto aberto em caso de cassações".
Já o líder do PSDB na Câmara, Antônio Carlos Panunzzio
(SP), diz que a idéia é moderna,
mas é preciso tempo para que
seja debatida. Panunzzio diz
que a regra não pode valer apenas para o Poder Legislativo.
Na mesma linha vai o deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS): "Vale para presidente? Para governador? Aí eu topo".
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