São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Texto Anterior | Índice

Toda Mídia

Nelson de Sá

Sem boneco

Globo/Reprodução
O repórter surge ao lado do carro, na reconstituição de ontem, sem dramatização

Chegou o Carnaval, não saiu a redução da maioridade e, até na reconstituição de ontem, "polícia decide não usar boneco para simular menino arrastado", segundo a manchete do G1, "o portal da Globo". A Globo propriamente foi até lá no final da tarde. Fátima Bernardes anunciou que "a polícia está refazendo o trajeto", o repórter apareceu ao lado de um carro que faria as vezes do usado no crime -e a coisa ficou por aí.
E a imagem de violência do dia, nos telejornais, foi para membros da Força Nacional de Segurança no Complexo do Alemão, atirando sem parar. Na locução do "Jornal Nacional", "moradores do Rio se viram outra vez num cenário de guerra urbana", "policiais e traficantes travaram o terceiro dia de batalha" etc.

OUTROS CARNAVAIS
Com ou sem violência no Rio de Janeiro, o londrino "Guardian" destacou ontem os "carnavais alternativos da América Latina". Ou seja, sem contar o do Rio, "tão famoso que parece que a cidade se tornou sinônimo do evento".
Detalhou então seis outros no hemisfério, na Bolívia, Venezuela, Colômbia, Panamá, Aruba -e no Brasil, mas desta vez Olinda e não Salvador.

OLHA A TORTURA AÍ!
Sob o título "Olha a tortura aí, gente!", Márcio Alemão, escalado pelo site Terra Magazine para acompanhar o Carnaval pela televisão, já adiantou que "nenhuma tortura se compara às transmissões de bailes e de desfiles".
Em Salvador, por exemplo, pela Band, "vem trio, vai trio, vem gente, vai gente e sempre um notável a dizer a máxima, "isso aqui está uma loucura!'".

BRICS CONTRA OS EUA
Ecoa sem parar, do editorial da "Economist" ao blog do Council on Foreign Relations, com expressões como "Guerra Fria redux", o discurso em que o russo, Vladimir Putin, atacou a política externa dos EUA -e a confrontou com os novos pólos, dando como único exemplo os Brics.
No site do "Wall Street Journal", ontem, atenção para o inusitado encontro que juntou Rússia, Índia e China em Nova Délhi e "estimulou especulação de serem consultas para formar uma coalizão contrária à influência dos EUA". Os três líderes negaram, mas também "enfatizaram seu "forte compromisso com a diplomacia multilateral'".

EIXO DE MODERAÇÃO
Na "análise" do acordo entre Brasil e Bolívia, Raymond Colitt, da agência britânica Reuters, escreveu que Lula "encerrou o impasse que se arrastava desde maio de 2006 (...) para consolidar a liderança regional do país" -e estabelecer um "eixo de moderação", em oposição ao eixo de confronto de Hugo Chávez.

ALIANÇA ESTRATÉGICA
Já a americana Associated Press, em seu despacho, destacou a descrição da Petrobras, por Evo Morales, como sua nova "aliada estratégica".

É FÁCIL ENTENDER
Enquanto isso, de Washington, o presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, dizia à BBC Brasil que o etanol brasileiro é de uma "eficiência excepcional" e "é fácil entender por que os biocombustíveis estão no topo da agenda do presidente Lula".

ALTERNATIVA
Mas nem todos nos EUA, registre-se, acham o Brasil o aliado ideal dos EUA. O "Miami Herald" defende o mexicano Felipe Calderón, não Lula, que "não pode antagonizar sua base", como anti-Chávez.

wikipedia.org
WIKI SOB ATAQUE
O blog BR-Linux iniciou há dias, com eco em outros blogs brasileiros, como Circuito Integrado, o esforço "Ajude a manter a Wikipédia no ar".
A presidente da Wikimedia Foundation avisou no final de 2006 que a enciclopédia participativa só teria recursos para se manter mais alguns meses no ar, daí a campanha, que não envolve doação dos internautas, mas seu engajamento. O movimento vem em meio a mais uma onda de questionamentos supostamente técnicos à Wikipédia, da "Carta Capital" ao senador americano Ted Stevens, destaque ontem no Digg, por propor "banir a Wikipédia" das bibliotecas e escolas de seu país.

Leia as colunas anteriores
@ - Nelson de Sá


Texto Anterior: Cadeia tinha muitos presos e nenhuma luz
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.