|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Justiça Estadual do DF é a mais cara do país, diz CNJ
Despesa por habitante é de R$ 416, mais de 4 vezes a média das instâncias estaduais
Segundo o secretário-geral do conselho, Álvaro Ciarlini, não se pode estabelecer relação entre custos e eficiência dos tribunais
ANDRÉA MICHAEL
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
De todos os segmentos do
Poder Judiciário, a Justiça Estadual do Distrito Federal é a
que apresenta a maior despesa
por habitante, mostra levantamento do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Obtido com
exclusividade pela Folha, o documento revela que fazer justiça no DF custa R$ 416 por pessoa, mais de quatro vezes a média nacional para as instâncias
estaduais, de R$ 90,50.
A Justiça Estadual de São
Paulo aparece na 11ª colocação
neste ramo do Judiciário, com
custo de R$ 105,12 por pessoa.
Na área trabalhista, o maior
custo per capita está na 14ª Região, que abrange os Estados de
Acre e Rondônia, com R$ 80,46
por habitante, o dobro da média nacional (R$ 43,55).
Quanto à Justiça Federal, a
2ª Região, que compreende Rio
de Janeiro e Espírito Santo, está no topo da lista dos maiores
gastos: R$ 42,06 por pessoa,
contra R$ 24,92 de custo médio para o país.
Esses valores resultam da divisão do orçamento executado
pelo número de habitantes em
cada jurisdição avaliada para os
ramos da Justiça Estadual,
Trabalhista e Federal.
Os dados fazem parte do
"Justiça em Números", um levantamento realizado anualmente pelo CNJ, e refletem a
realidade de 2007. As informações relativas a 2008 só serão
conhecidas em 2010.
Os indicadores serão apresentados hoje a juízes de todo o
Brasil que se reúnem em Belo
Horizonte para discutir e definir metas para melhorar o desempenho da Justiça no país.
Em documento que será distribuído na ocasião, o CNJ diz
que a Justiça do Brasil é cara.
Comparada à de 13 países da
Europa, a Justiça brasileira
gasta 1,15% do PIB contra
0,67% da Bósnia e Herzegóvina, a que mais consome riquezas do país nesse grupo europeu, segundo dados analisados
pelo CNJ com base em pesquisa da Comissão Europeia para
a Eficiência da Justiça.
Segundo o secretário-geral
do CNJ, Álvaro Ciarlini, não se
pode estabelecer que o maior
ou menor valor signifique mérito ou demérito dos tribunais". Ele alega que é preciso
aprimorar as variáveis utilizadas para avaliar a qualidade dos
investimentos. Só então, diz,
será possível comparar a quantidade de recursos gastos com o
grau de eficiência da Justiça.
Justiça Estadual
Responsável pelo maior gasto por habitante, a Justiça do
DF está longe de ser a mais rápida. Nesse quesito, ocupa o 12º
lugar para a segunda instância e
a 25ª posição para a primeira,
com taxas de morosidade de
45,6% e 55,3%, respectivamente, quando as médias nacionais
são de 45,4% e 80,5%.
Esse indicador, chamado de
"taxa de congestionamento",
reflete o percentual de processos em tramitação que não foram julgados no ano.
Importante observar que tal
desempenho se dá em um contexto no qual os magistrados de
primeira e segunda instâncias
do Distrito Federal têm carga
de trabalho inferior à média nacional, de acordo com o CNJ.
O Distrito Federal também é
o campeão em servidores por
100 mil habitantes (286,1) e divide com a Justiça Estadual do
Amapá o segundo lugar no ranking de magistrados por 100
mil pessoas (11,6).
Justiça do Trabalho
No ramo trabalhista, a 14ª
Região, além de ser a que mais
consome recursos, está ao lado
da 10ª Região (DF e Tocantins)
no primeiro lugar entre as que
contam com o maior número
de magistrados por 100 mil habitantes, com índice de 2,6,
contra a média nacional de 1,7.
Ela também é campeã no indicador de menor número de
casos novos recebidos por magistrado em 2007: 601 e 468
processos, por julgador, para a
primeira e segunda instâncias
respectivamente -a média nacional de tais parâmetros é de
1.141 e 1.407.
Quanto à agilidade no julgamento de causas, o Tribunal
Regional do Trabalho da 14ª é o
mais célere, com taxa de congestionamento de apenas 9,2%.
Justiça Federal
Apesar de ser a jurisdição federal que tem custos mais altos
por pessoa, a 2ª Região (Rio de
Janeiro e Espírito Santo) tem a
primeira instância mais lenta
entre as concorrentes, com taxa de congestionamento de
89,6% para 2007, segundo o
CNJ. A liderança se repete nos
indicadores de número de magistrados e servidores por 100
mil habitantes, com 1,28 julgador (a média nacional é 0,79) e
40,3 funcionários (21,04).
Em casos novos por magistrados em 2007, a 2ª Região ficou em terceiro lugar no caso
da primeira instância (533 processos por juiz) e na quinta e última posição para o segundo
grau (1.462 causas por desembargador).
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Frases Índice
|