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SOMBRA NO PLANALTO
No Planalto, Waldomiro teria exigido da GTech contratação de ex-assessor de Palocci em troca de renovação de contrato com a Caixa
PF quer quebrar sigilo bancário de Buratti
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal afirmou ontem dispor de "indícios muito
fortes" de que Waldomiro Diniz,
ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, tenha praticado "crime" enquanto ocupava
o cargo, no início do ano passado.
A PF disse também que vai pedir
quebra dos sigilos bancário e fiscal de Rogério Buratti, o novo personagem do caso.
O suposto crime de Waldomiro
está justamente relacionado à sugestão, ou exigência, da contratação de Rogério Buratti. pela empresa GTech do Brasil, que gerencia as loterias do país. Buratti foi
secretário de Governo do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) em 93 e 94, quando ele era
prefeito de Ribeirão Preto.
"Já há indícios muito fortes de
que ele [Waldomiro] praticou um
crime, com certeza", disse ontem
o delegado Antônio César Fernandes Nunes, referindo-se a corrupção passiva (quando há pedido de vantagem) ou concussão
(extorsão praticada por funcionário público).
Waldomiro, ex-braço direito do
ministro José Dirceu (Casa Civil),
foi flagrado em vídeo de 2002,
quando presidia a Loteria do Estado do Rio, pedindo propina ao
empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Benedita da Silva (PT)
era a governadora.
A Receita Federal e o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social)
começaram a analisar os dados de
Buratti e de empresas ligadas a
ele. Esse é o primeiro passo antes
da quebra dos sigilos bancário e
fiscal. O delegado Nunes vai pedir
a quebra também do sigilo telefônico de Buratti.
Segundo os depoimentos do ex-presidente da GTech do Brasil
Antonio Carlos Lino Rocha e do
diretor de marketing da empresa,
Marcelo Rovai, Waldomiro fez
uma "exigência velada". A empresa deveria contratar Buratti
por uma cifra que variou de R$ 6
milhões a R$ 20 milhões, para que
fosse renovado seu contrato com
a Caixa Econômica Federal.
A "exigência" do contrato com
Buratti teria sido feita no dia 31 de
março, data prevista para a assinatura da renovação do contrato
por 25 meses, de acordo com Rovai e Lino Rocha. Waldomiro teria dito que "uma pessoa influente e que ajudou na negociação"
iria procurá-los. Depois, Buratti
teria se apresentado como essa
"pessoa influente". Rovai e Lino
Rocha recolheram a documentação e enviaram os dados para a
matriz da GTech, nos EUA. O nome não teria sido aprovado no
processo interno de avaliação.
Buratti foi demitido do governo
Palocci em Ribeirão Preto por
suspeitas de corrupção. Ele não
foi localizado pela reportagem.
Até sexta, quando os executivos
prestaram depoimento, não havia
indício da atuação de Waldomiro
na negociação do contrato entre
Caixa e GTech.
Ontem, o delegado Nunes tentou ouvir o jornalista Mino Pedrosa, que presta consultoria ao
laboratório Vitaplan, de Carlinhos Cachoeira. Pedrosa apresentou um habeas corpus preventivo
e ficou em silêncio.
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