São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2005

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LEGISLATIVO PAULISTA

Rodrigo Garcia, apoiado pelo PT, derrotou Edson Aparecido

Alckmin perde o comando da Assembléia após 10 anos

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) sofreu ontem dura derrota, a exemplo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do prefeito José Serra (PSDB), que não conseguiram eleger representantes de seus partidos para presidir os Legislativos.
Num placar apertado -48 votos a 46, o mínimo necessário -, o líder do PFL, Rodrigo Garcia, 31, foi eleito ontem presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, derrotando o tucano Edson Aparecido, 44, candidato de Alckmin. A derrota dos tucanos não foi apenas no comando do legislativo. O partido não terá também nenhum representante na Mesa Diretora da Casa.
A vitória de Garcia teve o apoio dos 23 deputados do PT, no que o PSDB considerava o terceiro tempo da disputa entre as duas siglas, referência à vitória de Roberto Trípoli (sem partido) na Câmara Municipal, apoiado pelo PT, e de Severino Cavalcanti (PP-PE) na Câmara, apoiado pelo PSDB.
O PSDB presidia a Assembléia desde 1995, quando Mário Covas (1930-2001) foi eleito governador pela primeira vez. A única disputa ocorreu naquele ano, entre Ricardo Trípoli (PSDB) e Paschoal Thomeu (PTB). Desde então, só houve composição, inclusive com anuência do PT, que pleiteava -e obtinha- o cargo da Primeira Secretaria. O primeiro-secretário do PT era o Professor Luizinho, que hoje é líder do governo Lula na Câmara dos Deputados.
A derrota deve tornar a vida de Alckmin difícil. Após a votação, PSDB, PL, PTB e PPS se retiraram do plenário e não participarão da Mesa Diretora, como ocorreu com o PT em Brasília. A Primeira Secretaria será ocupada por Fausto Figueira (PT), e a Segunda, por Geraldo Vinholi (PDT).
Embora Garcia tenha frisado que é fiel ao governador, partidos como PT, PMDB e PC do B, de oposição ao tucano, esperam contar com o novo presidente da Casa para instalar CPIs -mais de 40 estão paradas, sendo 22 destinadas a apurar ações dp governador Geraldo Alckmin.

O joio do trigo
O resultado significa ainda racha na bancada do tucano e deve causar mudanças até no terceiro escalão, pois os deputados fiéis a Aparecido querem ver a lealdade reconhecida. Para Campos Machado, líder do PTB (que votou no tucano), "os que estão rindo agora amanhã estarão no Palácio dos Bandeirantes, com o pires na mão, mas o governador saberá distinguir o joio do trigo".
O líder do governo na Casa, Vanderlei Macris, disse ontem que, de agora em diante, é necessário fazer "reformulação das forças políticas". Para Aparecido, "os deputados que votaram no outro candidato deverão ter a hombridade de entregar seus cargos".
O líder do PSDB, Vaz de Lima, dizia, antes da eleição, que a candidatura de Garcia representava "uma fissura" na relação entre PSDB e PFL. Garcia, para os tucanos, participou de reuniões da campanha de Aparecido e, na quarta passada, abandonou o grupo e anunciou a candidatura.
O presidente regional do PFL, o vice-governador Cláudio Lembo, desde o início criticou a candidatura de Garcia, classificando-a de "pessoal". Gilberto Kassab, vice-presidente regional do PFL, vice-prefeito e sócio de Garcia, também disse que não concordava com a candidatura do amigo.
Mas as declarações dos líderes não impediu a adesão de 9 dos 11 deputados do PFL a Garcia. Para Afanázio Jazadji, "o governo tem de repensar seus líderes". Said Mourad diz que "o governador é uma pessoa ponderada e vai perceber que os secretários devem dar mais atenção aos deputados".
Aparecido, visivelmente abatido, disse que a eleição de Garcia era uma derrota dele e poupou o governador: "A derrota não foi do governo, mas minha".


Colaborou CATIA SEABRA, da Reportagem Local

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