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LEGISLATIVO PAULISTA
Rodrigo Garcia, apoiado pelo PT, derrotou Edson Aparecido
Alckmin perde o comando
da Assembléia após 10 anos
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador Geraldo Alckmin
(PSDB) sofreu ontem dura derrota, a exemplo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) e do prefeito José Serra (PSDB), que não
conseguiram eleger representantes de seus partidos para presidir
os Legislativos.
Num placar apertado -48 votos a 46, o mínimo necessário -,
o líder do PFL, Rodrigo Garcia, 31,
foi eleito ontem presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo,
derrotando o tucano Edson Aparecido, 44, candidato de Alckmin.
A derrota dos tucanos não foi
apenas no comando do legislativo. O partido não terá também
nenhum representante na Mesa
Diretora da Casa.
A vitória de Garcia teve o apoio
dos 23 deputados do PT, no que o
PSDB considerava o terceiro tempo da disputa entre as duas siglas,
referência à vitória de Roberto
Trípoli (sem partido) na Câmara
Municipal, apoiado pelo PT, e de
Severino Cavalcanti (PP-PE) na
Câmara, apoiado pelo PSDB.
O PSDB presidia a Assembléia
desde 1995, quando Mário Covas
(1930-2001) foi eleito governador
pela primeira vez. A única disputa
ocorreu naquele ano, entre Ricardo Trípoli (PSDB) e Paschoal
Thomeu (PTB). Desde então, só
houve composição, inclusive com
anuência do PT, que pleiteava -e
obtinha- o cargo da Primeira
Secretaria. O primeiro-secretário
do PT era o Professor Luizinho,
que hoje é líder do governo Lula
na Câmara dos Deputados.
A derrota deve tornar a vida de
Alckmin difícil. Após a votação,
PSDB, PL, PTB e PPS se retiraram
do plenário e não participarão da
Mesa Diretora, como ocorreu
com o PT em Brasília. A Primeira
Secretaria será ocupada por Fausto Figueira (PT), e a Segunda, por
Geraldo Vinholi (PDT).
Embora Garcia tenha frisado
que é fiel ao governador, partidos
como PT, PMDB e PC do B, de
oposição ao tucano, esperam contar com o novo presidente da Casa para instalar CPIs -mais de 40
estão paradas, sendo 22 destinadas a apurar ações dp governador
Geraldo Alckmin.
O joio do trigo
O resultado significa ainda racha na bancada do tucano e deve
causar mudanças até no terceiro
escalão, pois os deputados fiéis a
Aparecido querem ver a lealdade
reconhecida. Para Campos Machado, líder do PTB (que votou
no tucano), "os que estão rindo
agora amanhã estarão no Palácio
dos Bandeirantes, com o pires na
mão, mas o governador saberá
distinguir o joio do trigo".
O líder do governo na Casa,
Vanderlei Macris, disse ontem
que, de agora em diante, é necessário fazer "reformulação das forças políticas". Para Aparecido, "os
deputados que votaram no outro
candidato deverão ter a hombridade de entregar seus cargos".
O líder do PSDB, Vaz de Lima,
dizia, antes da eleição, que a candidatura de Garcia representava
"uma fissura" na relação entre
PSDB e PFL. Garcia, para os tucanos, participou de reuniões da
campanha de Aparecido e, na
quarta passada, abandonou o
grupo e anunciou a candidatura.
O presidente regional do PFL, o
vice-governador Cláudio Lembo,
desde o início criticou a candidatura de Garcia, classificando-a de
"pessoal". Gilberto Kassab, vice-presidente regional do PFL, vice-prefeito e sócio de Garcia, também disse que não concordava
com a candidatura do amigo.
Mas as declarações dos líderes
não impediu a adesão de 9 dos 11
deputados do PFL a Garcia. Para
Afanázio Jazadji, "o governo tem
de repensar seus líderes". Said
Mourad diz que "o governador é
uma pessoa ponderada e vai perceber que os secretários devem
dar mais atenção aos deputados".
Aparecido, visivelmente abatido, disse que a eleição de Garcia
era uma derrota dele e poupou o
governador: "A derrota não foi do
governo, mas minha".
Colaborou CATIA SEABRA, da Reportagem Local
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