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Deputado exibiu mais parentes que projetos
Em 12 anos na Câmara, Balbinotti, indicado para Agricultura, empregou três parentes e apresentou apenas dois projetos
Peemedebista afirma que emprega familiares porque confia no trabalho deles; "Todos trabalham muito", diz assessor do parlamentar
Alan Marques/Folha Imagem
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Odílio Balbinotti, provável ministro da Agricultura, com Henrique Alves (à esq.) e Michel Temer |
RANIER BRAGON
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Indicado pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva para
comandar o Ministério da Agricultura, o deputado federal
Odílio Balbinotti (PMDB-PR)
reúne em seus 12 anos de Legislativo a prática do nepotismo,
baixa produção parlamentar e
um dos mais altos índices de
falta às sessões de votação.
Apesar do fraco desempenho
parlamentar e do fato de responder a inquérito sigiloso no
Supremo Tribunal Federal por
falsidade ideológica e crime
contra a fé pública, sua posse
no ministério foi confirmada
ontem para a próxima quinta.
Balbinotti, que chegou à Câmara em 1995, emprega em seu
gabinete um cunhado, Luiz
Paiola, e uma cunhada, Miriam
Lani Paiola Miguel, com salários mensais que vão de
R$ 4.808 a R$ 7.080. Ambos são
irmãos de sua mulher e ocupam cargos preenchidos sem
concurso público. Até janeiro, o
deputado empregava ainda Mirian Rocha Paiola, outra parente de sua mulher.
Dono da segunda maior fortuna declarada da Câmara -R$
123,8 milhões, segundo as declarações de bens apresentadas
à Justiça Eleitoral-, Balbinotti
registrou um salto de 2.151%
em seu patrimônio entre as
eleições de 2002 e 2006. Os dados devem ser vistos com ressalva, entretanto, já que a declaração de 2002 traz vários
itens com valor zerado. O deputado é o maior plantador de sementes de soja do país.
Embora tenha relatado algumas propostas de concessão de
rádio em comissões da Câmara,
algo controverso uma vez que é
sócio de emissora, a apresentação de projetos não foi o forte
dos 12 anos do deputado em
Brasília. Foram apenas dois
projetos de lei, sendo que nenhum deles foi aprovado.
Um, de 1998, concedia isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para
prefeituras na compra de veículos e máquinas; o outro, de
2000, alterava o regime geral
da Previdência. Em média, os
deputados federais apresentam
15 projetos por legislatura.
Os discursos em plenário
também foram escassos, apenas 16, a maioria sobre temas
regionais. O mais recente trata
da Festa do Carneiro do Buraco, em Campo Mourão (PR).
O baixo índice de projetos e
discursos soma-se ao fato de
que Balbinotti foi o 22º deputado mais ausente, entre 513, às
votações no plenário da Câmara. Foram 195 faltas de fevereiro de 2003 a setembro de 2006,
o que representa 34% das sessões de votação no período.
Balbinotti chegou a ter um
pedido de cassação contra ele
apresentado à Mesa da Câmara
por conta de suas muitas faltas.
No pedido, um empresário
paranaense dizia que Balbinotti forjou um atestado médico. O
parlamentar teria sido flagrado
visitando a Cocamar (Cooperativa de Agricultores de Maringá) enquanto estava em licença
da Câmara para tratamento
médico. A Mesa arquivou o pedido sob o argumento de que a
licença médica não significa internação hospitalar.
Outro lado
Balbinotti afirmou ontem,
por meio de sua assessoria de
imprensa, que emprega parentes em seu gabinete porque
confia neles. "Todos trabalham
muito", disse um assessor.
Sobre a ausência em um
grande número de sessões legislativas, Balbinotti declara
que perdeu muitas delas por
compromissos em ministérios.
O deputado afirma ser um
parlamentar "muito atuante"
junto ao Executivo na busca de
recursos para os 52 municípios
da região de Maringá (PR).
A assessoria informou ainda
que não existe incongruência
no fato de ele ter feito uma visita a uma cooperativa paranaense no mesmo período em que
estava de licença médica da Câmara. Segundo o deputado, a licença era para um tratamento
médico e não o obrigava a ficar
o tempo todo de repouso.
Balbinotti diz ainda que sua
evolução patrimonial entre
2002 e 2006 se deveu a circunstâncias extremamente favoráveis do negócio da soja.
O deputado não quis comentar as razões pelas quais, em 12
anos de mandato, apresentou
apenas dois projetos de lei.
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