São Paulo, domingo, 16 de abril de 2000


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H.D.D. trabalha em Minas sem licença

PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

A H.D.D. Serviços Técnicos Ltda., empresa que executa todo o trabalho de instalação de fibras ópticas para a MetroRED em Belo Horizonte, atuou sem a licença do Crea-MG (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) entre 29 de novembro do ano passado e 2 de março.
A empresa só regularizou sua situação no dia 3 de março, quando obteve o visto para atuar em Minas Gerais por 180 dias.
Outra irregularidade refere-se ao responsável técnico pelas obras na capital mineira. A MetroRED apresentou um engenheiro seu como responsável pelas instalações dos cabos, quando o correto deveria ser o engenheiro da empresa que executou os serviços, segundo Ildeu de Almeida Dias, diretor do Crea-MG.
No órgão fiscalizador consta apenas o nome do engenheiro Celso Inácio de Albuquerque, de São Paulo, como responsável pelas obras da MetroRED. Tendo sido executadas pela H.D.D., a responsabilidade técnica deveria ser do engenheiro Renato Alessandri Júnior, conforme consta nos pedidos de licença apresentados pela MetroRED à prefeitura.
Nos pedidos que chegaram à Secretaria de Atividades Urbanas, Alessandri Júnior, que é registrado no Crea-MG desde 1991, aparece como responsável técnico pela H.D.D.. Albuquerque é citado como o responsável da MetroRED, que informa, em todos os pedidos de licenciamento, ser a H.D.D. a executora dos trabalhos.
A MetroRED é controlada por empresas ligadas ao grupo norte-americano Fidelity. Ela está sendo investigada nos EUA, suspeita de pagar propina a autoridades brasileiras, e admitiu em nota oficial a possibilidade de ex-funcionários terem feito "pagamentos eventualmente irregulares".

Suspensão
A H.D.D. está concluindo para a MetroRED a instalação de 21,5 quilômetros de cabos de fibras ópticas na capital mineira, desde novembro, que é a data do início da primeira obra, de acordo com relatório de licenças da Secretaria de Atividades Urbanas obtido pela Agência Folha.
A MetroRED pagou R$ 15.112,65 em taxas à prefeitura para instalar as fibras ópticas. A capital mineira ainda não cobra pelo uso do subsolo. Legislação nesse sentido está em fase de análise jurídica na prefeitura.
A suspensão determinada pela Prefeitura de Belo Horizonte vale para qualquer empresa que queira instalar cabos no subsolo da cidade pelo fato de várias reclamações terem sido feitas. Os motivos das queixas são sempre iguais: a recomposição das calçadas não tem a qualidade exigida. Embora 80% da instalação dos cabos no subsolo sejam feitos pelo método não-destrutivo, usado pela MetroRED em Belo Horizonte.
O sistema evita a abertura de valas nas calçadas e ruas, com a consequente interrupção do tráfego de pedestres e veículos.
São abertos apenas dois buracos, um para entrada e outro para saída dos cabos.
Segundo a prefeitura, além dos problemas de recomposição das calçadas, a H.D.D. usou, em dezembro do ano passado, placas da Prefeitura de São Paulo para informar sobre o licenciamento das obras em Belo Horizonte. Até os telefones para eventuais reclamações eram da capital paulista.

Outro lado
No escritório da H.D.D. em Belo Horizonte a Agência Folha foi orientada a ligar para a sede da empresa em São Paulo, onde estava o responsável pelas obras na capital mineira, Renato Alessandri Júnior. Foram feitas duas tentativas, sem sucesso. Até o fechamento desta edição, ninguém havia ligado de volta.


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