da Agência Folha, em Bertioga e Santos

O forte de São João de Bertioga (litoral sul de São Paulo) -considerado a primeira construção fortificada do Brasil- está passando pela quarta restauração em seus quase 450 anos.
O objetivo é abrir o forte ao público no próximo dia 21, durante as comemorações dos 500 anos do Descobrimento.
Partes do forte, como o quartel (caserna), foram totalmente modificadas por reformas em 1942 e 1960. Agora, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) tenta devolver à construção seu estilo original.
O mais antigo forte brasileiro não foi erguido apenas para proteger a costa do país de ataques de piratas, interessados no comércio de pau-brasil.
Segundo arquiteto Victor Hugo Mori, do Iphan, a fortificação também tinha as funções de reforçar alianças com indígenas e demarcar o território português.
A construção do forte de São João foi resultado de um acordo entre Martim Afonso de Souza e os índios tupis. Há um documento redigido pelo rei d. João 3º, em 1551, ordenando que a fortificação fosse erguida.
Essa área (extremo sul do canal de Bertioga) era o limite entre as regiões de domínio dos tupis, aliados dos portugueses, e dos tamoios, aliados dos franceses.
De acordo com a descrição do historiador frei Gaspar da Madre de Deus, baseada em antigos documentos, Martim Afonso teria mandado, primeiramente, erguer uma trincheira, onde deixou uma pequena guarnição.
Em 1547, essa construção deu lugar a uma outra, que recebeu o nome de forte de São Tiago. Dois anos depois, a fortificação foi totalmente destruída pelos tamoios.
A última construção foi inaugurada em 1554. Em 1765, o forte foi sofreu a primeira restauração e ganhou o nome de São João de Bertioga.

Casa de Pedra
Contestando que o forte de Bertioga seja a construção fortificada mais antiga do país, a Prefeitura de São Vicente (SP) se esforça para provar que a cidade detém uma mais antiga: a Casa de Perda.
Uma perícia arqueológica realizada em 1999 por pesquisadores da USP indicou que datam aproximadamente de 1520 -antes da chegada da expedição colonizadora de Martim Afonso, em 1532- os fragmentos da chamada Casa de Pedra.
Seu caráter de fortificação, porém, não está claramente estabelecido.
Para o presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente, Fernando Martins Lichti, uma evidência de que a casa era uma fortaleza é o fato de Martim Afonso de Souza tê-la escolhido para morar ao chegar a São Vicente. Ele teria preferido morar na casa, embora houvesse 12 moradias em estilo europeu na vila. (NM e FS)



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